Diante de sua maior crise, agravada com a estiagem prolongada e a degradação ambiental, o Rio São Francisco pede socorro em uma nova campanha organizada pelo comitê de sua bacia. Eu viro carranca para defender o Velho Chico foi apresentada na noite desta quarta-feira (20 de maio), em Petrolina, e reivindica a urgente revitalização do manancial que atende diretamente 15 milhões de pessoas além dos que se beneficiam indiretamente da energia e de outros bens produzidos a partir dele. A estiagem prolongada, o uso irracional de suas águas e a degradação têm ajudado a reduzir a vazão do considerado maior rio genuinamente brasileiro.
"Estamos passando por uma situação dramática, uma crise maior do que a vivenciada em 2001. A população da Bacia do Rio São Francisco é acostumada a conviver com a estiagem, mas não em situação tão extrema. As condições climáticas se agravaram, assim como o uso irracional, o desmatamento e a degradação ambiental”, denunciou o presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo de Miranda Pinto, representante da sociedade civil no fórum que reúne diferentes setores. Ele defende menor dependência do setor elétrico do rio, a revitalização urgente e uma vazão consciente, que respeite os múltiplos usos. A campanha, que já tem hotsite, é associada a uma petição pública e vai ganhar outros espaços. Guia a mobilização do próximo 3 de junho, Dia Nacional de Defesa do Velho Chico. Em Juazeiro (BA), Petrolina (PE), Penedo (AL), Bom Jesus da Lapa (BA) e Lagoa da Prata (MG), haverá barqueatas, peixamentos, debates e exposições.
No https://cbhsaofrancisco.org.br/virecarranca/ há link para a petição pública que reivindica a edição de decreto presidencial reformulando o Conselho Gestor do Programa da Revitalização, para que se torne “mais participativo, com a inclusão de representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e representantes das municipalidades e dos povos tradicionais da bacia”. A revitalização do rio custaria R$ 8 bilhões, informam membros do Comitê de Bacia.
Nesta quinta-feira (21 de maio), ainda em Petrolina, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está reunido com todos os seus 62 membros titulares na XXVII Reunião Plenária Ordinária, que se estenderá até a sexta. A pauta é justamente a crise hídrica e a difícil travessia de 2015, considerado o pior ano da história do rio. Estão sendo aguardados nesta quinta representantes da Agência Nacional das Águas (Ana), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Articulação São Francisco Vivo. Um dos principais problemas atuais é a presença de uma grande mancha que toma 32 quilômetros de extensão, no Lago de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, formada pela afloração de microalgas. O volume útil dos reservatórios de Três Marias, Sobradinho e Itaparica estão baixos, oscilando de 37% a 15%. A vazão está baizando para 900 metros cúbicos por segundo a partir de Sobradinho, num cenário que a curto prazo torna inviável a transposição, cujas obras ainda não foram concluídas pelo governo federal, avaliam membros do comitê.