EFEITO ESTUFA

Torre gigante vai captar dados sobre gases que causam aquecimento global

Equipamento com altura equivalente a um prédio de cem andares foi instalado em meio à floresta amazônica

Do JC Online
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Publicado em 21/08/2015 às 7:30
Fernanda Farias/Inpa/Divulgação
Equipamento com altura equivalente a um prédio de cem andares foi instalado em meio à floresta amazônica - FOTO: Fernanda Farias/Inpa/Divulgação
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Em meio à densa floresta tropical brasileira, 150 km a nordeste de Manaus (AM), ergue-se uma estrutura de 325 metros de altura, equivalente a um prédio de cerca de 100 andares. O Observatório da Torre Alta da Amazônia (Atto) será inaugurado neste sábado (22), um ano após a construção. O projeto em parceria do Brasil com Alemanha envolveu os Institutos Max Planck de Química e para Biogeoquímica, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A apresentação será nesta sexta (21), às 18h, no Inpa.

Acima da copa das árvores, o equipamento – instalado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã – vai coletar dados sobre gases de efeito estufa, partículas de aerossóis, propriedades de nuvens, processos de camada-limite e transporte de massas de ar. De acordo com o cientista do Inpa e coordenador brasileiro do Projeto Atto, Antonio Manzi, a torre foi projetada como laboratório de referência mundial para as interações entre as florestas tropicais e a atmosfera. “Os resultados obtidos fornecerão um grande avanço na representação das florestas tropicais, em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previsões de tempo e cenários mais precisos sobre o clima”, explica.

A Torre Alta é um marco na pesquisa do sistema Terra, segundo o vice-presidente da Sociedade Max Planck, Ferdi Schüth. “Todos os dados que estamos gerando estão sendo incorporados a modelos para predizer o desenvolvimento do clima”, diz Schüth. “Os resultados também estarão disponíveis para os formuladores de políticas ambientais.”

De acordo com o Diretor do Departamento de Biogeoquímica do Instituto Max Planck de Química, Meinrat Andreae, instituição que coordena o projeto no lado alemão, a escolha da localização da Atto na floresta tropical brasileira deve-se, em grande parte, a distância das influências humanas, o que garante dados relativamente não adulterados.

Os cientistas ainda estão instalando os equipamentos de medição na torre. Os primeiros dados serão coletados e analisados em breve. A princípio, eles querem entender melhor as fontes de produção e de consumo de gases como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. “Também não entendemos adequadamente o papel que a floresta desempenha na formação de partículas de aerossol e, portanto, na formação de nuvens. Uma série de segredos está esperando para ser descoberta”, diz o coordenador do Projeto da Sociedade Max Planck, Jürgen Kesselmeier.

Para o diretor do Inpa, Luiz de França, essa cooperação mostra como uma “tarefa gigantesca”, que beneficia todo o planeta, pode ser empreendida quando dois grandes países de diferentes continentes trabalham em harmonia. “Nosso conhecimento sobre a região amazônica e a Terra não será o mesmo quando este empreendimento magnífico estiver funcionando.” Os custos de cerca de 8,4 milhões de euros para construir a Atto estão sendo compartilhados pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e governo do Amazonas.

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