atualizada às 12h43 de 24 de outubro de 2019
As manchas de óleo que assolam o Nordeste voltaram a aparecer com tudo em algumas praias no Litoral Sul de Pernambuco. Desde o dia 25 de setembro não havia registros de casos semelhantes em praias pernambucanas. O retorno das manchas ocorreu na tarde dessa última quinta-feira (17), na praia de São José da Coroa Grande, mesmo após membros do Controle de Fontes Poluidoras da Agência Estadual e Meio Ambiente (CPRH) terem realizado um sobrevoo no litoral do Estado e não terem encontrado indícios das manchas. Nesta sexta-feira (18), as manchas também apareceram na praia de Carneiros, em Tamandaré.
No domingo (20), foram encontrados vestígios nas praias de Suape, Calhetas, Paiva e Itapuama, todas localizadas no município do Cabo de Santo Agostinho.
Na quarta-feira (23), o óleo chegou ao Grande Recife e atingiu a praia de Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes) e na praia do Janga (Paulista).
Na quinta-feira (24), as manchas de óleo apareceram na Praia do Pilar (Ilha de Itamaracá) e na praia de Pau Amarelo (Paulista).
Governo e UFPE estudam nível de toxicidade
Especialistas recolheram amostras, na quinta-feira (24), na praia do Paiva, para descobrir a quantidade de óleo que está dissolvido nas águas de 13 praias de Pernambuco, a fim de determinar qual é a extensão do dano do poluente para a vida marinha e para o ser humano.
Além do Paiva, serão coletadas amostras da água das praias de São José da Coroa Grande, Tamandaré, Carneiros, Maracaípe, Muro Alto, Suape, Pedra de Xaréu, Itapuama, Gaibu, Barra de Jangada, Janga e Itamaracá.
Falta de barreiras de contenção
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, criticou, nesta sexta-feira (18), a atuação do governo federal no desastre com óleo que atinge praias no Estado e em outros locais do Nordeste. De acordo com ele, as barreiras utilizadas na contenção da substância acabaram e a União ainda não providenciou o envio de novos materiais.
Fernando de Noronha está sob monitoramento
Patrimônio Natural da Humanidade declarado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, e um dos destinos mais procurados, a ilha de Fernando de Noronha está sendo monitorada em meio ao desastre das manchas de óleo no Nordeste. A assessoria de imprensa Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas) informou, na noite desta sexta-feira (18), que não há, até o momento, sinais da substância nas praias do arquipélago. No entanto, já foi providenciado o envio do material necessário para que seja feita a instalação de barreira de contenção.
Manchas avançam e chegam à praia dos Carneiros
As manchas que já tinha atingido São José avançaram até a Praia dos Carneiros, também no Litoral Sul, na manhã desta sexta-feira (18). De acordo com moradores, a presença do óleo pôde ser observada a partir das 5h. O derramamento de óleo já havia sido registrado na região através de vestígios, mas reapareceu de forma mais intensa nesta manhã. Centenas de voluntários ajudaram na limpeza de toda a orla. Alguns restaurantes fecharam suas portas para empenharem todos os esforços à limpeza da praia.
Pernambuco já recolheu 958 toneladas de óleo
Nesta quarta-feira (23), no novo balanço divulgado pelo Governo de Pernambuco, 958 toneladas de óleo já foram recolhidas das praias atingidas pelo material. O que impressiona no novo balanço divulgado pelo governo é que a quantidade de óleo recolhida quase que dobrou em relação ao total final da terça-feira (22), quando 489 toneladas haviam sido retiradas do mar. Na segunda (21), o montante era de 257 toneladas.
Defesa Nacional reconhece situação de emergência em São José da Coroa Grande
A Defesa Nacional reconheceu situação de emergência no município de São José da Coroa Grande, Litoral Sul de Pernambuco, por conta do derramamento do óleo no mar, nesta quarta-feira (23). A portaria número 2.499 do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). A praia foi a primeira a ser atingida após o reaparecimento do óleo no Estado.
A medida foi anunciada após os ministro Gustavo Canuto e o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas se reunirem com autoridades locais sobre ações emergenciais de resposta ao desastre ambiental. Além de São José da Coroa Grande, o Ministério reconheceu situação de emergência nos municípios de de Camaçari, Conde, Entre Rios, Esplanada, Jandaíra e Lauro de Freitas, na Bahia.
Local do suposto vazamento
O vazamento de óleo que atingiu todo o litoral do Nordeste do Brasil pode ter ocorrido em uma região entre 600 km e 700 km da costa, na altura dos Estados de Sergipe e Alagoas. Pelo menos é o que aponta a estimativa feita por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Eles trabalharam com uma tecnologia conhecida como modelagem inversa, que parte dos pontos de chegada das manchas nas praias e faz o caminho para trás, estimando o ponto de origem desse óleo. O estudo foi encomendado pela Marinha à Coppe/UFRJ.
Os pesquisadores acreditam que o mais provável é que tenha ocorrido um grande vazamento neste local, talvez durante uma malsucedida operação conhecida como ship-to-ship, em que o óleo é transferido de uma embarcação a outra em alto-mar, o que traz altos riscos de acidente.
Recife prepara esquema de prevenção
A Prefeitura do Recife preparou um esquema antecipado para enfrentamento das manchas de óleo, caso a substância volte a atingir o litoral recifense. Mesmo sem informações de monitoramento oceânico por parte do governo federal, a PCR mobilizou profissionais da Emlurb e da Defesa Civil para atuar na limpeza das praias da cidade, em caso da chegada do material novamente à orla.
Além dos profissionais da Emlurb e da Defesa Civil, a Prefeitura utilizará a plataforma de voluntariado Transforma Recife para convidar a sociedade civil para apoiar na possível operação de limpeza.
Como o óleo pode afetar sua saúde
De acordo com especialistas, o contato com as manchas de óleo pode desencadear doenças respiratórias e de pele. Para o médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da Universidade de São Paulo (USP), o contato com a substância é semelhante ao ato de inalar ou passar gasolina ou querosene na pele.
"O petróleo é resultante da decomposição de matéria orgânica presente no planeta há milhões de anos, formando uma mistura de hidrocarbonetos como tolueno, xileno, benzina e benzeno. Sendo assim, o risco se assemelha ao de inalar ou passar gasolina ou querosene na pele", afirma.
Voluntários recebem atendimento médico após contato com óleo
O óleo que polui o litoral pernambucano está trazendo consequências para a saúde dos que se propuseram a limpar as praias afetadas. Em São José da Coroa Grande, no Litoral Sul do Estado, a primeira cidade a registrar, há uma semana, o reaparecimento da substância, 17 pessoas, entre voluntários e funcionários municipais precisaram de atendimento médico entre o dia 17 de outubro e esta quarta-feira (23).
“A maioria estava apresentando cefaleia, náuseas e lesão de pele por conta do contato com a substância. Esse pessoal foi encaminhado para a Unidade Mista Osmário Omena de Oliveira, medicado e liberado. Além desses casos, temos indícios de subnotificações, pessoas que tiveram contato, apresentaram sintomas e não nos procuraram”, explicou a secretária de Saúde municipal, Taciana Mota.
Ricardo Salles faz vistoria em praias atingidas
Na manhã da terça-feira (20), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (NOVO), faz vistorias em praias de Pernambuco que foram atingidas pelas manchas de óleo, que afetaram diversos pontos do litoral nordestino desde o começo de setembro.
O ministro chegou ao Estado por volta das 3h da madrugada desta terça e desde as primeiras horas da manhã vistoria praias do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O prefeito da cidade, Lula Cabral (PSB), e cerca de 90 militares da Marinha e Exército participam da ação ao lado do titular da pasta do Meio Ambiente.
Saiba para onde vai e o que é feito do óleo
Caso a dúvida tenha lhe assolado, eis a resposta: existe, sim, destinação para o óleo que, desde setembro, castiga as praias do litoral do Nordeste. O mínimo consolo em meio à tragédia é que o produto do maior desastre ambiental da história recente do País é processado e aproveitado na forma de combustível para máquinas e caldeiras industriais, principalmente no setor da produção de cimento. Através de um convênio celebrado pela Companhia Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH), o óleo cru recolhido nas praias do litoral pernambucano é levado em caminhões ao Ecoparque, uma central privada de tratamento de resíduos localizada no município de Igarassu, área norte do Grande Recife. Lá é transformado no produto conhecido como blend energético (“blend” é “mistura” em inglês), que é utilizado em máquinas de grandes indústrias.
Voluntários esbarram em falta de orientação técnica
Voluntários que trabalhavam na retirada de manchas de óleo de praias do Cabo de Santo Agostinho, município do Grande Recife, chamaram a atenção para a ausência dos governos federal, estadual e municipal nas ações de limpeza. “Há muitos voluntários ajudando, mas falta alguém para orientar com apoio técnico, não tem ninguém para dizer o caminho certo, a gente fica meio perdido e vai reproduzindo o que as outras pessoas estão fazendo”, declara a estudante de gastronomia Amanda Silva, 23 anos, que participava do mutirão na Praia do Paiva.
Veja lista de praias já atingidas em Pernambuco*
•Boa Viagem - Recife - oleada/vestígios esparsos
•Praia Del Chifre - Olinda - oleada/vestígios esparsos
•Candeias - Jaboatão dos Guararapes - oleada/vestígios esparsos
•Piedade - Jaboatão dos Guararapes - oleada/vestígios esparsos
•Barra de Jangada/Jaboatão dos Guararapes - oleada
•Praias de Gamboa - Ipojuca - oleada/vestígios esparsos
•Praia de Nossa Senhora do Ó - Ipojuca - oleada/vestígios esparsos
•Porto de Galinhas - Ipojuca - oleada/vestígios esparsos*
•Cupe - Ipojuca - oleada
•Maracaípe - Ipojuca - oleada
•Serrambi - Ipojuca - oleada/vestígios esparsos
•Enseadinha - Ipojuca - oleada/vestígios esparsos
•Muro Alto - Ipojuca - oleada
•Pau Amarelo - Paulista - oleada
•Conceição - Paulista - oleada/vestígios esparsos
•Carneiros - Tamandaré - oleada
•Tamandaré - Tamandaré - oleada
•Ilha Cocaia - Cabo de Santo Agostinho - oleada/vestígios esparsos*
•Praia do Paiva - Cabo de Santo Agostinho - oleada/vestígios esparsos*
•Praia do Forte Orange - Ilha de Itamaracá - oleada/vestígios esparsos*
•Catuama - Goiana - oleada/vestígios esparsos*
•Ponta de Pedras - Goiana - oleada/vestígios esparsos*
•São José da Coroa Grande - oleada
•Praia de Suape/Cabo de Santo Agostinho - oleada
•Praia de Itapuama/Cabo de Santo Agostinho - oleada
•Calhetas/Cabo de Santo Agostinho - oleada
•Gaibu/Cabo de Santo Agostinho - oleada
•Janga/Paulista - oleada
•Praia do Pilar/Ilha de Itamaracá - oleada
*Apesar de afetadas, atualmente não há registro do material nestas praias. Fonte: Ibama e Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco e prefeituras
Veja onde doar materiais de proteção para voluntários
Com a chegada das manchas de óleo em várias partes do litoral pernambucano, entidades de defesa do meio ambiente, prefeituras e o Governo do Estado estão convocando voluntários para ajudar na limpeza das praias afetadas. Os órgãos recomendam que quem se dispuser ajudar deve usar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas, botas e máscaras, para evitar a contaminação com a substância.
Por causa disso, os órgãos estão pedindo doações de materiais de proteção para os voluntários que participam das ações de limpeza das praias pernambucanas. Confira a lista completa clicando aqui.