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Lançado plano para a adoção de bibliotecas no Recife

Prefeito sanciona lei proposta pela Câmara, faltando agora regulamentar os incentivos para atrair a iniciativa privada

Da editoria de Cidades
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Publicado em 25/04/2014 às 10:27
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Prefeito sanciona lei proposta pela Câmara, faltando agora regulamentar os incentivos para atrair a iniciativa privada - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A adoção de bibliotecas públicas por empresas privadas pode ser a saída para o Recife fortalecer esses equipamentos, hoje bastante degradados. O primeiro passo para a medida se tornar possível foi dado com a sanção da Lei 17.810/2014 que cria o projeto Adote uma Biblioteca, publicado ontem no Diário Oficial do município. 

A matéria – de autoria da vereadora Priscila Krause – tem o objetivo de incentivar e agilizar a remodelação, conservação e manutenção de bibliotecas públicas municipais, incluindo as das escolas da rede. Para isso, será preciso as Secretarias de Educação e Segurança Urbana, gestoras desses espaços, regulamentarem a legislação, indicando contrapartidas possíveis, como isenção de impostos e exploração de publicidade nos locais adotados, como já acontece com o projeto Adote uma Praça.

Hoje, o Recife tem apenas duas bibliotecas públicas, em Afogados e Casa Amarela. Ambas precisando de investimentos. Na primeira, onde a população dispõe de 11 mil títulos de livros, o calor é insuportável, pois a circulação de ar é feita apenas por ventiladores e alguns estão quebrados. O ambiente também é escuro devido a algumas lâmpadas queimadas. Dezesseis computadores doados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) estão sem uso há quatro anos por problemas de instalação.

“Os funcionários daqui são muito esforçados e o acervo é excelente, mas a estrutura é ruim. Antes, ainda tínhamos quatro computadores para fazer pesquisas, inclusive dos livros, mas nem isso temos mais, o processo é mais demorado”, lamenta o estudante João Euller, 24 anos, que frequenta o local umas duas vezes por semana e achou a lei positiva. “Também vou à de Casa Amarela, lá a situação é degradante, alagou com as chuvas, reduziu o horário, não dá nem pra descrever.”

CAUTELA - Gerente do espaço de Afogados há nove anos, Wendes Barbosa recebeu a notícia da lei com cautela. “Eu desconheço o conteúdo, mas não acho bom se tirar a responsabilidade da prefeitura, até porque temos uma equipe de 16 pessoas, entre funcionários, estagiários e terceirizados. E há projeto para reforma previsto para ser iniciado em novembro”, afirma. Ontem, a fachada recebia pintura e ajustes no telhado e fiação devido a um incêndio ocorrido no mezanino em janeiro, provocado acidentalmente por dois moradores de rua que passaram quatro anos residindo lá.

Integrante do Movimento Casa Amarela Saudável e Sustentável, Vandisson Holanda também foi reticente com a proposta. “Para mim, é novidade, mas não sou a favor de o poder público jogar para o privado o que ele não consegue resolver. Se há dinheiro para festas, por que não há para investir em educação? Do jeito que a Biblioteca de Casa Amarela está, é melhor fechar”, opina.

A vereadora Priscila Krause salientou que a ideia não é tirar a responsabilidade da prefeitura, mas sim buscar parceiros para compartilhar esse trabalho.

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