Língua portuguesa

Gêneros digitais: o Enem de olho nos "140 caracteres"

Expressões do mundo digital deverão ser abordadas pelo Enem. Fera precisa estar atento à concisão das novas formas de linguagem

Do JC Online
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Publicado em 07/09/2014 às 6:30
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Expressões do mundo digital deverão ser abordadas pelo Enem. Fera precisa estar atento à concisão das novas formas de linguagem - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Quem é que, nos dias de hoje, tendo acesso à internet, não se vale das ferramentas e da linguagem próprias deste canal para se expressar? Segundo dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2013, praticamente metade da população brasileira está conectada e, como consequência dessa realidade, textos curtos, abreviações, neologismos e hibridismo entre características de fala e de escrita têm estado cada vez mais presentes no nosso dia a dia. O mundo digital nos ensinou um novo modo de expressão, e este tema não pode passar despercebido pelos feras que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) daqui a dois meses.

“No lugar de trazer textos clássicos, o Enem se aproxima da realidade dos estudantes trazendo, por exemplo, tirinhas para que eles trabalhem os conceitos aprendidos em sala de aula. Afinal, um telegrama não diz muito aos nossos jovens, mas o Twitter, sim. Quase ninguém escreve cartas hoje em dia, mas e-mails todo mundo manda. É neste contexto que o estudo de gêneros digitais se insere”, explicou a professora de gramática do Colégio Santa Maria, Izabel Malheiros.

Um estudo do linguista Luiz Antônio Marcuschi, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), defende o aprofundamento da análise de gêneros digitais por três razões: pelo seu franco desenvolvimento e uso cada vez mais generalizado; pelas suas peculiaridades formais e funcionais e pela oportunidade que oferecem de se repensar conceitos, nos possibilitando rever nossa relação com a escrita e a oralidade.

Uma boa dica para os estudantes entenderem bem os conceitos de gêneros digitais, segundo a professora Izabel, se resume em apenas uma palavra: concisão. “Estes gêneros levantam a importância de se saber exatamente o que se quer dizer, de se cortar o que for desnecessário e deixar apenas o fundamental, pois se utilizam de uma linguagem muito objetiva. Era mais ou menos isso o que faziam autores como Chico Buarque na ditadura militar. Escreviam mensagens importantíssimas em poucas linhas e as colocavam bem no centro de textos enormes. Daí vinham os censores, cortavam o início e o final das obras, mas a mensagem principal continuava lá, intocada. A ideia precisa ser passada de forma concisa, precisa, direta”, comentou.

A economia vocabular, entretanto, não é um aspecto exclusivo da linguagem dos séculos 20 e 21. De acordo com o professor de literatura Robson Teles, saber identificar as relações entre passado e presente é um dos grandes trunfos de quem está se preparando para o Enem. “Machado de Assis faz uma análise psicológica da sociedade do seu tempo usando frases curtas, textos diretos. Nada muito diferente do que temos no Whatsapp. Essas linguagens, tão objetivas, conversam entre si a partir do momento que pensam a comunicação de maneira semelhante.”

Veja abaixo algumas dicas do professor Robson Teles para o Enem:

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA EDIÇÃO DESTE DOMINGO (7) DO JC

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