Não é a toa que 75% da população brasileira nunca frequentou uma biblioteca, segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro. Além do pouco hábito de leitura, esses espaços carecem de maior atenção. Em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, as bibliotecas municipais precisam atualizar acervo, contratar funcionários e melhorar a infraestrutura. Devido a problemas como esses, ambas estão fechando mais cedo, funcionando apenas até o começo da tarde. Na capital, após anos sem investimentos, enfim as bibliotecas municipais de Afogados, na Zona Oeste, e Casa Amarela, na Zona Norte, começaram a ser reformadas pela prefeitura.
A Biblioteca Poeta Benedito da Cunha Melo funciona em um belo casarão em Jaboatão Centro. Mas o prédio tem várias infiltrações no telhado. Em dias de chuva, a água que escorre pelas paredes e pelo teto põe em risco a preservação dos livros. Estantes foram cobertas com lonas plásticas para não molhar os exemplares. Portas e janelas estão caindo. O setor infantil, antes frequentado duas vezes por semana por turmas de escolas municipais, deixou de ser usado. Professores, com medo de expor as crianças, preferiram suspender as visitas.
“Tem que melhorar bastante a biblioteca, que não dialoga com a realidade e com as novas gerações. Além de investir na estrutura física, a prefeitura deveria colocar acesso à internet para chamar mais leitores, principalmente os jovens”, afirma o assistente social Alexandre Rosendo, 29 anos, morador de Jaboatão dos Guararapes.
Segundo o secretário municipal de Edificações, Givaldo Calado, licitações anteriores foram canceladas. Um novo processo deve ser lançado nos próximos 120 dias. Para realização das obras, a previsão é de mais 120 dias. Na prática, significa que serão necessários no mínimo oito meses para melhorias na única biblioteca pública do município.
Na Cidade Patrimônio da Humanidade, o maior problema não é espaço físico. A Biblioteca Pública de Olinda está localizada em um amplo casarão da Avenida Liberdade, no Carmo. O motivo que a faz encerrar o expediente às 13h30, três horas e meia antes do horário normal (17h), é ausência de pessoal. Só uma funcionária, que não é bibliotecária e atende o público das 8h às 13h30.
“Infelizmente, se investe pouco em bibliotecas. Temos um bom acervo, mas falta equipe técnica e até gente para fazer limpeza. Precisamos também de mesas, estantes, equipamentos”, afirma o coordenador do espaço, Raimundo Viana. “Não é uma biblioteca e sim um depósito de livros”, desabafa. O serviço de wi-fi foi cortado por falta de pagamento. A Prefeitura de Olinda informou que há um projeto de requalificação da biblioteca e que a gestão está em busca de recursos para viabilizá-lo.
RECIFE - Na Biblioteca Popular de Afogados, a reforma, orçada em R$ 1,1 milhão, começou em fevereiro, com estimativa de conclusão de cinco meses. Enquanto o serviço for executado, o prédio anexo está disponível para os usuários. A estudante Lucineide Nunes, 22, frequenta diariamente o local. “A biblioteca estava precisando de reforma. O ruim é que informaram que, enquanto estiver em obras, não poderemos usar o banheiro. Passo o dia estudando, é difícil ficar sem ir ao sanitário”, reclama. Segundo a prefeitura, os banheiros estão à disposição do público.
Na Biblioteca Popular de Casa Amarela, a reforma (R$ 450 mil) ainda não começou, mas o espaço já está fechado. A previsão é de que a obra tenha início na próxima semana. Um espaço provisório, na Escola Profissional Dom Bosco, na Avenida Norte, só começará a atender os leitores em abril.