O Programa Ganhe o Mundo, do governo pernambucano, que leva alunos do ensino médio da rede estadual para intercâmbio no exterior, teve redução de vagas. Foram selecionados mil estudantes, em vez dos 1.384 inicialmente previstos, para viajarem no próximo semestre ou no início de 2016. Concorreram às vagas cerca de 5.900 jovens. Muitos ficaram frustrados. O corte ocorreu por causa da alta do dólar, segundo a Secretaria Estadual de Educação
Um protesto está sendo organizado por um grupo de alunos que se sentiram prejudicados. Amanhã eles se encontrarão na Praça do Derby, na área central do Recife, às 13h. De lá pretendem seguir até a sede do poder Executivo, o Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, no Centro da cidade.
“O sentimento é de que fomos lesados. Tanta dedicação para nada. Estudo numa escola integral. Ano passado, quando a aula acabava, continuava no colégio para mais duas horas do curso de espanhol. Era muito puxado, mas valeria a pena porque estava buscando uma vaga no intercâmbio”, conta Fagner Durack, 16 anos, do 2º ano do ensino médio de uma escola em Olinda. “Soube que minha posição era a 31ª para 45 vagas da GRE (Gerência Regional de Educação) da minha escola. Ou seja, tinha chance de viajar”, comenta Fagner.
Rebeka Beatriz Félix, 16, sonhava em fazer intercâmbio para a Argentina. “Construi um sonho que não existe mais. Estudei muito, às vezes bem cansada, mas tinha o foco de viajar. Foi muito frustrante saber do corte de vagas”, afirma Rebeka. Jeovani Cipriano, 16, queria ir para Espanha ou Argentina. “Na minha turma, dos 11 alunos que concorreram só um fará o intercâmbio”, lamenta.
Stella Lourenço, 15, e Estefanny Nazário, 17, passaram o segundo semestre do ano passado na Nova Zelândia. Viajaram em julho e voltaram em dezembro. “É uma experiência única. Voltei mais responsável, com outra visão do mundo. Fiquei triste quando soube da diminuição das vagas do Ganhe o Mundo”, diz Stella. “Consegui a vaga com bastante esforço. Mas valeu a pena. Aprendi muito nos meses em que fiquei fora”, destaca Estefanny.
ECONOMIA - Desde 2012, quando o programa começou, 3.470 jovens já participaram de intercâmbios para Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos e Nova Zelândia. A novidade, este ano, foi a inclusão da Austrália e do Uruguai. Todas as despesas, incluindo hospedagem, passagens, alimentação e seguro saúde, são pagas pelo governo do Estado. Além disso, o estudante recebe uma bolsa mensal de R$ 719,76.
“Não houve corte no orçamento do Ganhe o Mundo. O investimento, este ano, de R$ 29 milhões, está mantido. Com a alta do dólar, o que precisamos foi ajustar a quantidade de vagas. Em vez de 1.384 alunos, viajarão mil”, explica a superintendente do programa, Renata Serpa, ressaltando que a alta ficou em cerca de 30%. Segundo ela, o custo médio de intercâmbio por aluno é R$ 29 mil. “O pacote para a Nova Zelândia custa um pouco mais, R$ 32 mil. Foi onde mais houve corte, 160 vagas a menos.”