Depois de 25 dias longe das escolas, por causa da greve dos professores, alunos e mestres da rede estadual de ensino voltaram às atividades ontem. O calendário de reposição das aulas – foram 18 dias letivos perdidos – será discutido amanhã de manhã entre o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) e a Secretaria Estadual de Educação. Além das aulas, estudantes cobram do governo melhorias nos colégios. Há exemplos de unidades sem livros, fardamento insuficiente e com problemas de infraestrutura.
Na Escola Estadual João Barbalho, em Santo Amaro, área central do Recife, alunos estão sem livros, embora o ano letivo tenha começado há três meses, em 4 de fevereiro. “Não recebi nenhum livro ainda. É ruim, porque quando tem exercício para casa, fico sem fazer. Saio prejudicado e isso atrapalha meus estudos”, lamenta Edvaldo Nazário Neto, 15 anos, do 8º ano. Maria Beatriz Lacerda, 15, da mesma turma, está também sem livros. “Deveriam entregar para todos os alunos”, comenta. Na Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital, no Bairro do Recife, uma turma do 2º ano não recebeu livros de todas as disciplinas.
Segundo o diretor do João Barbalho, Natanael José da Silva, há 1.030 alunos matriculados. “Mandaram livros para 800, que era a quantidade de estudantes que tínhamos ano passado”, explica. Os adolescentes reclamam que só receberam uma camisa da farda, quando eram entregues pelo menos duas até o ano passado . “Eles alegam que nem sempre dá tempo de lavar a camisa para o dia seguinte. Infelizmente, não posso fazer nada”, admite Natanael.
No João Barbalho, somente dois professores efetivos (um de matemática e outro de educação física) fizeram greve. Os demais não paralisaram as aulas. O quadro tem 60% de docentes temporários. Bancas e cadeiras velhas estão guardadas no pátio externo da escola. Natanael conta que solicitou a retirada do material várias vezes à Gerência Regional de Educação.
Na Escola Estadual Poeta Manoel Bandeira, na Ilha do Leite, área central da capital, dos 13 professores efetivos, cinco paralisaram as atividades. O colégio tem mais 22 mestres temporários. “Os que não fizeram greve e os temporários vieram para a escola, mas não havia alunos. Por isso, todos, independentemente de terem participado ou não da paralisação, terão que repor as aulas”, explica a gestora, Franciele Lima. A unidade tem 836 alunos.
Professor de português e inglês, Arnaldo Luiz Nazário, 49, lamentou o fato de a greve ter terminado sem ganhos para a categoria. “Gostaria que o governo tivesse acatado nossa reivindicação de estender o reajuste de 13% para todos”, afirma Arnaldo. “Queremos também melhores condições de trabalho. O auditório e a biblioteca da escola alagam sempre que chove”, denuncia. Segundo a diretora, três ofícios foram enviados, de fevereiro até agora, pedindo à equipe de engenharia da Secretaria de Educação que visite a escola para resolver o problema dos alagamentos.
RESOLUÇÃO - Sobre a falta de livros na Escola Estadual João Barbalho, a Secretaria de Educação informa que os exemplares encaminhados para o colégio atenderam plenamente o total de estudantes matriculados este ano. Mas que a gestão da escola deverá receber os exemplares que faltam. A respeito das bancas no pátio, o órgão diz estar ciente e que serão recolhidos. Em relação ao fardamento, a secretaria garante que foram encaminhados 1.666 camisas, baseado no quantitativo de alunos estimado no ano passado.
Quanto à falta de livros no 2º ano da Erem Porto Digital, o governo explica que o colégio recebeu 4.920 livros, porém foram matriculados mais 15 alunos em 2015. Os exemplares estão sendo providenciados.
Sobre o vazamento de água na Escola Poeta Manoel Bandeira, a secretaria diz que o problema já foi identificado pela equipe de engenharia e que a execução do serviço será realizada nos próximos 60 dias. “Quanto à rede de internet no laboratório de informática, um técnico será enviado hoje para identificar e regularizar o problema”, assegura.