A 62 dias da reta final, o fôlego não é o mesmo do início do ano, quando foi dada a largada para a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para manter a instigação até 24 e 25 de outubro – fundamental para vencer uma concorrência cada vez mais acirrada por vagas em graduações de universidades públicas – os estudantes têm que sair da mesmice. Não é o caso de abandonar o tradicional estudo com livros e anotações. Mas juntar a isso outras formas criativas de aumentar o conhecimento.
Vinte e nove anos atrás, quando nem se imaginava que uma avaliação nacional unificaria os vestibulares no País, como hoje é o Enem, o professor Fernando Beltrão, 51 anos, começou a escrever músicas com assuntos de biologia remetendo a canções infantis. São cerca de 150 letras que abordam de fotossíntese à reposição celular, viroses ou sistema digestivo entre tantos temas.
O maior sucesso é uma sobre o sistema reprodutor feminino no ritmo da melodia que Chapeuzinho Vermelho canta quando vai até a casa da vovó. Só que em vez de “Pela estrada afora eu vou bem sozinha”, a canção diz “Pela trompa afora, vou bem ligeirinho fecundar o óvulo e formar um Fernandinho”. Para aproveitar esse material, o professor criou o projeto Boi da Cara Preta, que começou uma semana atrás.
Todos os dias, de domingo a domingo, até as provas do Enem, ele ministrará uma aula virtual, ao vivo, com quem acessar o endereço do projeto. Não precisa ser aluno do seu cursinho. Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo e com acesso a internet, pode aproveitar. Os encontros são gratuitos e duram entre 20 e 30 minutos. Neles, sempre há uma referência às canções criadas por Fernandinho (o livro com todas elas pode ser baixado no site do professor).
“Na véspera de cada aula sugiro cinco assuntos de biologia para abordar no dia seguinte. O mais votado entre os participantes será tratado na próxima aula virtual. Aproveito no final para dar dicas e orientações gerais, sobre alimentação, comportamento ou outro tema importante”, explica.
Para oito jovens professores que formam o grupo Os Cara de Pau do Vestibular, o desafio é preparar estudantes para o Enem, sobretudo os de baixa renda, com uma fórmula diferente do ensino a que estamos acostumados. O cursinho tem preço popular e funciona na Boa Vista, Centro do Recife.
“O lúdico, a encenação, o teatro, a dança e o improviso são características presentes nas nossas aulas. Usamos a alegria como principal instrumento do saber”, afirmam os docentes. “Não somos só professores. Há bailarinos, atores, cantores, poetas. A arte nos ajuda a ensinar os conteúdos e dar um pouco de leveza à rotina de estudos dos feras”, garante Benedito Serafim, que leciona geografia e foi um dos fundadores do grupo.
Até o Enem, eles farão cinco encontros, em finais de semana diferentes, com assuntos de várias disciplinas. Os ingressos variam de R$ 5 a R$ 15. No feriadão de 7 de setembro, por exemplo, haverá uma atividade chamada O Grito dos Excluídos, que foi sucesso ano passado. Os alunos saberão na pele, por exemplo, como é uma tortura. “É uma experiência itinerante e sensorial”, garante Benedito, sem contar como será a tal “sessão de tortura”.
FIQUE LIGADO
Projeto Boi da Cara Preta, do professor Fernando Beltrão - www.professorfernandobeltrao.com
Programação do cursinho Os Cara de Pau do Vestibular
Hoje, às 9h - Aulão de geografia e sociologia sobre migração (ingresso R$ 5)
5 e 6 de setembro - O Grito dos Excluídos, atividade que envolverá assuntos de história, geografia e literatura (R$ 15)
27 de setembro - Plantão de matemática (R$ 5)
4 de outubro - Paródia do programa de entrevistas Roda Viva. Os assuntos serão de biologia (R$ 5)
18 de outubro - Loucura Cara de Pau - Aulas simultâneas de todas as disciplinas do Enem. O estudante pode assistir a quantas aulas quiser (R$ 10)
Saiba mais no www.oscarasdepaudovestibular.com ou pelo telefone 3023.2248