Sim, o tempo é curto entre a saída da escola e a ida para o cursinho. O intervalo entre uma aula e outra passa rapidinho. Tem que correr, é preciso revisar aquele assunto de matemática. Falta ainda um capítulo inteiro de literatura para estudar. Assim é a vida de muitos jovens que estão na maratona de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas provas serão dias 24 e 25 de outubro. Na pressa para dar conta do estudo, a alimentação é quase sempre negligenciada. Saem perdendo corpo e mente, que sem nutrientes importantes não desempenham suas funções como deveriam.
“Como passa muito tempo fora de casa, a maioria dos vestibulandos consome biscoitos, bolachas, comidas ricas em carboidratos refinados. Alimentos que não são interessantes para quem deseja manter a saúde e ter bom rendimento no estudo”, destaca Jerluce Ferraz, nutricionista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “É bom eliminar os industrializados. Nada de suco de caixinha, achocolatados, embutidos, como salsichas e presunto. Contêm muitos produtos químicos que vão roubar energia, além de atrapalharem o circuito da dopamina, serotonina e gaba, neurotransmissores produzidos no cérebro que vão contribuir no aprendizado”, diz.
Não pense que é mico levar o lanche de casa para o cursinho ou a escola. Quanto mais alimentos naturais consumidos, melhor, ressalta a nutricionista. Sugestão dela é que sejam ingeridas cinco frutas ao longo do dia. Portanto, fera, separe maçãs, peras, uvas, bananas, goiabas, que são práticas de carregar e de comer. Se tem disposição, vale abacaxi, melancia, mamão, melão ou tantas outras do nosso rico cardápio de frutas. Tomar sucos naturais ou vitaminas é também uma boa pedida.
Quer turbinar essas bebidas? “Coloque uma colher de chia, grão rico em ômega 3, que tem ação anti-inflamatória e fortalece a imunidade. A chia irá enriquecer e dar mais energia, aumentando a saciedade”, explica Jerluce Ferraz. Ela recomenda que a chia (pode usar também linhaça) seja colocada em meio copo d’água por oito horas, antes do uso. Para os estudantes que saem cedo de casa e passam a manhã tendo aulas, é uma ótima opção. Outra sugestão é colocar chia no arroz, no cuscuz ou na tapioca.
Jerluce Ferraz desaconselha a prática comum de vestibulandos saírem de casa em jejum. Maria Clara Almeida, 17 anos, aluna do 3º ano do ensino médio da Escola de Referência Sizenando Silveira, em Santo Amaro, área central do Recife, sai de casa às 5h40 sem comer nada. Só lancha às 10h, quando é servida a merenda do colégio.
“O rendimento dela deve ser péssimo. A gente acorda de um jejum prolongado. Se permanecermos sem comer, nosso cérebro vai sofrer. O cérebro só trabalha com um combustível chamado glicose. E não há no corpo um posto de gasolina de glicose”, observa a nutricionista. “O ideal é se alimentar a cada três horas. Está com pressa para sair de casa? Come uma fruta, um iogurte natural”, diz.
Outras duas importantes dicas: ingerir água durante todo o dia. Dois litros a dois litros e meio é a dosagem recomendada. Manter sempre uma garrafinha por perto ajudará o fera a não esquecer disso. Para os que passam a madrugada estudando e por isso tomam café a fim de espantar o sono, Jerluce Ferraz propõe trocá-lo por chá verde.
“O chá verde tem uma boa quantidade de cafeína e é uma opção mais saudável que o café. Vai deixar o estudante em estado de alerta do mesmo jeito e tem ação antioxidante, ou seja, qualitativamente é melhor”, afirma a nutricionista. Por fim, ela faz um alerta: “Não adianta se preocupar em fazer uma refeição saudável e negligenciar o restante do dia. A boa alimentação deve ser uma prática diária e durante todo o dia.”
Colega de turma de Maria Clara, Mirela Luiza 16, diz que seu pai é quem prepara seu café da manhã. Cuscuz, sanduíche, macaxeira são algumas das opções. "Almoço na escola, mas nem sempre gosto do cardápio. Costumo lanchar em fast foods antes do cursinho. Poucas vezes como frutas”, diz Mirella.