As aulas do período da tarde do Ginásio Pernambucano, em Santo Amaro, área central do Recife, foram retomadas na sexta-feira (18). O turno tinha sido suspenso pela direção da escola desde a última terça-feira (15) por causa da falta de merenda na instituição de ensino. As aulas também foram reduzidas e os 738 alunos da escola mais famosa do Estado estavam sendo liberados antes do horário pois não havia almoço.
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O problema teria ocorrido devido ao atraso do pagamento por parte do governo à empresa que fornecia a alimentação para a escola. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, o impasse contratual já foi solucionado e o repasse da alimentação, regularizado. Na sexta-feira (17), o almoço dos estudantes foi fornecido normalmente.
Representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) estiveram na instituição de ensino para verificar a situação. “O Sintepe considera um absurdo que uma escola de referência como o Ginásio Pernambucana, que é tido como modelo em todo o Estado, falte alimento para os estudantes. Se em uma escola da importância do GP está enfrentando essa situação, o que mais está acontecendo nas escolas regulares?”, questiona uma das diretoras do Sintepe Séphora Freitas.
Ainda segundo o sindicato, o problema também afeta outras quatro unidades de ensino, todas localizadas na Zona da Mata de Pernambuco. Os nomes das instituições, no entanto, não foram divulgados.
A preocupação dos alunos do GP, como o colégio é tradicionalmente conhecido, é que o tempo de aula perdido prejudique o desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). “Estamos há pouco mais de um mês da prova. Perder aula dificulta muito, pois atrasa o assunto”, afirma Alice Oliveira, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio do GP.
O Sintepe informou que está elaborando um dossiê sobre as condições das escolas públicas estaduais de Pernambuco. O levantamento está sendo conduzido por uma equipe da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e deve ser apresentado no fim do mês de outubro. “Queremos mostrar o retrato das escolas públicas do nosso Estado. E, dessa forma, fortalecer a luta pelo ensino de qualidade e buscar soluções para os problemas detectados”, afirmou Séphora Freitas.
HISTÓRIA - Tida como uma das mais conceituadas unidades de ensino do País, o Ginásio Pernambucano foi fundado em 1825 e já atendeu nomes de peso, como os escritores Ariano Suassuna e Clarice Lispector. Em 2005, foi transformado em escola integral durante a gestão do então governador Jarbas Vasconcelos (1999-2006), projeto que foi continuado durante o governo Eduardo Campos (2007-2014).