Os professores da rede municipal do Recife retornam hoje às salas de aula depois do fim da greve que durou dez dias. A retomada das atividades vem após uma celeuma. Na quinta-feira da semana passada, os docentes assinaram um acordo com a Prefeitura, que garantiu a retomada das negociações somente com a volta das atividades. No entanto, a Prefeitura interpreta que houve uma quebra do acordo. A gestão queria que a greve fosse encerrada, mas o sindicato afirma que pode voltar a parar caso as negociações não andem.
“A Prefeitura quebrou sua parte no acordo, mas nós vamos cumprir a nossa”, disse Claudia Ribeiro, uma das diretoras do sindicato da categoria, o Simpere. Com a garantia da Prefeitura em mãos de que não teriam os dias parados cortados, os professores decidiram voltar às salas em assembleia realizada na sexta-feira. A categoria é a única que segue em negociação com o governo municipal.
Uma mesa de negociação estava marcada para hoje, às 15h, mas foi cancelada pela Prefeitura. Em um ofício, o secretário de Administração, Marconi Muzzio, afirma que que houve descumprimento do acordo por parte dos professores. “Nós fizemos alguns acenos que poderíamos avançar com as negociações desde que a greve fosse completamente encerrada e não só suspensa. Isso está claro no ofício assinado por mim. Suspensão não é encerramento do ponto de vista semântico, jurídico e legal”, declarou Muzzio ao JC ainda na sexta.
Ontem, a assessoria da pasta confirmou que a reunião prevista para hoje seguia cancelada. No entanto, a Prefeitura aguarda um contato do Simpere tentando reverter a situação. Claudia Ribeiro afirma que o dirigentes sindicais irão hoje à Prefeitura na hora marcada para a reunião. “Ele (Muzzio) está descumprindo documento ele assinou. Isso deixou todo mundo estarrecido, soubemos quando recebemos ligações da imprensa. É uma interpretação que não se justifica em momento algum. Ele alega que ‘suspensão’ não é a mesma coisa que ‘encerramento’. Nem tampouco o encerramento dá qualquer garantia que o movimento grevista retorne”, acrescentou Claudia.
O Simpere pede 11,36% de reajuste para todas as faixas salariais, a mesma variação aplicada no piso nacional dos professores, hoje de R$ 2.135,64. No entanto, a Prefeitura do Recife oferece esse percentual para aqueles que ganham até R$ 1.700,00. Segundo o Simpere, o reajuste chega a cerca de 80 docentes com nível médio, num universo de 7 mil professores. E, mesmo assim, não alcançaria o valor do piso. As demais categorias teriam o reajuste aplicado de acordo com o crescimento de receita da Prefeitura. O acordo nesses termos já foi aceito por outras categorias.