A jovem Universidade de Pernambuco (UPE) – completará 25 anos na próxima semana – tem conquistas, mas muitos desafios a vencer. Com cerca de 22,5 mil alunos e presente em dez cidades do Estado (oito municípios fora do Grande Recife), a instituição cresceu na última década, porém a quantidade de docentes e servidores não acompanhou essa expansão. A infraestrutura também não recebeu a atenção que deveria, resultando em laboratórios e bibliotecas defasados. Sem recursos do governo estadual para investimentos, a reitoria tem que se virar, este ano, com orçamento de R$ 23 milhões, valor R$ 7 milhões a menos do que foi pleiteado ao Executivo e insuficiente para manutenção da universidade.
Uma avaliação institucional realizada ano passado e divulgada recentemente mostra que 62,9% dos estudantes consideram a estrutura da UPE regular (36,4%), ruim (17,5%) ou péssima (9%). Um dos pontos de maior fragilidade, segundo o relatório, são os laboratórios, equipamentos e materiais. O acervo das bibliotecas é outro aspecto criticado: 22,5% dos alunos avaliam-no como ruim e 33% como regular. Já o corpo docente é tido como excelente por 28,4% dos universitários e bom por 45,9% dos estudantes.
“Acontece das aulas práticas serem substituídas por teóricas porque os laboratórios estão sucateados. O de física experimental é um deles. Uma vez, no semestre passado, o professor teria que fazer oito ensaios com a turma, mas só conseguiu realizar um porque não havia condições de continuar”, relata Roberto Lins, 24 anos, aluno do 8º período de engenharia civil da Escola Politécnica de Pernambuco (Poli), unidade da UPE que oferece sete graduações em engenharia.
O principal pleito do Diretório Central dos Estudantes (DCE) é um programa de assistência estudantil. Primeira do Estado a adotar cotas, oito anos atrás, a universidade destina 20% das vagas nas graduações, tanto no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como no Sistema Seriado de Avaliação (SSA), para egressos de escola pública. Mas somente 187 alunos, de um universo de 19.851 que fazem graduação, ganham bolsa de R$ 260 mensais. A UPE não tem restaurante universitário nem residência estudantil em nenhum dos 15 câmpus.
“Gasto R$ 13 por dia para almoçar. Três vezes por semana tenho aula de manhã e à tarde. São mais R$ 5 por lanche. Seria ótimo se houvesse um restaurante universitário”, diz Willayne Brasileiro, 17, do 1º período de educação física. “É preciso avançar na assistência para os estudantes. Muitos não conseguem permanecer na universidade porque não têm como se manter”, atesta a presidente do DCE, Ranielle Vital.
A expansão da UPE começou em 2006, com um câmpus em Caruaru (no interior havia apenas em Nazaré da Mata, Garanhuns e Petrolina). De lá para cá houve criação de unidades em Salgueiro (2007), Palmares, Arcoverde e Serra Talhada (todos em 2010). Dessas, somente Salgueiro tem sede própria. Em Arcoverde, a obra está quase pronta, mas parada há um ano. Em Serra Talhada, o prédio está sendo construído. Palmares funciona num imóvel alugado, sem perspectiva de mudança.
Outro grande desafio da UPE é assegurar o bom funcionamento das três unidades de saúde que servem como hospital-escola para alunos de medicina, enfermagem e outros cursos da área de saúde: o Procape, o Cisam e o Hospital Oswaldo Cruz (Huoc). O quadro de servidores é insuficiente, o que provocou, por exemplo, duas semanas atrás, fechamento de leitos.