EDUCAÇÃO

'Ensino médio brasileiro é perverso e expulsa jovens da escola', diz presidente do ICE

Durante entrevista à Rádio Jornal, Marcos Magalhães classificou o formato do ensino médio brasileiro como arcaico e calamitoso

Da editoria de Cidades
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Publicado em 23/09/2016 às 16:06
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Durante entrevista à Rádio Jornal, Marcos Magalhães classificou o formato do ensino médio brasileiro como arcaico e calamitoso - FOTO: Foto: Reprodução
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Quem tem seus trinta e poucos anos provavelmente deve lembrar das nomenclaturas magistério, clássico e científico. Essas modalidades direcionavam os alunos para áreas específicas de conhecimento, de acordo com as escolhas de cada um. Após a década de 70, esse formato foi sendo gradativamente substituído pelo modelo que temos hoje, mais generalista e com os dias já contados.

O Ministério da Educação anunciou, na última quinta-feira (22), mudanças no formato do ensino médio atual, cujo sistema é considerado "arcaico", "perverso" e "calamitante" pelo presidente do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação (ICE), Marcos Magalhães. Ele é o responsável pela criação e implantação do modelo de escola de Ensino Médio em Tempo Integral em Pernambuco e afirma que o formato vigente expulsa os alunos da escola, aumentando a chamada "Geração Nem-Nem", composta por aqueles que não trabalham e nem estudam. O percentual de brasileiros nessa situação é de um em cada cinco jovens com idades entre 15 e 29 anos.

Em entrevista à Rádio Jornal, concedida na manhã desta sexta-feira (23), Magalhães afirmou que as deficiências no sistema educacional do Brasil são nítidas.

"A cada ano nós temos três milhões de jovens matriculados no ensino médio e apenas metade chega a concluir. Ou seja, o sistema é tão perverso, que consegue expelir 500 mil jovens por ano, formando essa geração de nem-nem que nós temos", declarou.

Ainda segundo o presidente do ICE, os processos seletivos para as universidades precisam ser repensados, discussão que se torna ainda mais urgente diante da demanda crescente por profissionais qualificados no País. Uma das propostas em análise do novo ensino médio é a inclusão de um quinto eixo de formação, composto pela educação técnica e profissional. Magalhães endossa alguns dos principais pontos da reforma proposta pelo MEC e classifica a mudança como o "início do resgate do jovem brasileiro".

Para ele, o Brasil deveria se inspirar no modelo europeu, que diminui a quantidade de matérias e cria um conjunto de disciplinas eletivas como forma de desenvolver “uma melhor visão de futuro” nos alunos. "Esse episódio é um divisor de águas. Esse modelo anacrônico que o Brasil adotou, de obrigar o aluno a estudar 13 matérias ao longo dos três anos, é algo que não existe em lugar nenhum do mundo. O ensino médio é um ponto de foco onde os adolescentes precisam fazer suas escolhas para vida. É preciso criar opções para que o aluno possa escolher o que quer e ir se direcionando", afirmou à Rádio Jornal.

Na ánalise do presidente do ICE, essas mudanças são apenas o primeiro passo de uma transformação cujos resultados só virão com o tempo.

"Educação se faz com quatro pês: professor, pedagogo, pai e paciência", concluiu Marcos Magalhães.

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