Alunos de cinco dos 15 câmpus da Universidade de Pernambuco (UPE) estão em greve. Eles ocuparam as unidades de ensino e a reitoria, localizada em Santo Amaro, área central do Recife, para exigir assistência estudantil, pagamento de bolsas atrasadas, passe livre e mais recursos do governo estadual para a instituição, entre outras reivindicações. Também protestam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela gastos da União por 20 anos, e contra a Medida Provisória 746, que propõe mudanças no ensino médio.
Estão ocupadas e sem aula as unidades de Nazaré da Mata e Palmares, na Zona da Mata; Garanhuns, no Agreste, e Petrolina, no Sertão. No câmpus Santo Amaro a paralisação é parcial. Estão sem atividades a Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (Fensg), a Escola Superior de Educação Física (Esef) e o Instituto de Ciências Biológicas (ICB), segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Não houve suspensão de aulas na Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
Desde ontem os alunos impedem o acesso de funcionários e professores à reitoria. A entrada está bloqueada e só entram no prédio os discentes que fazem parte do Movimento OcUPE Reitoria. Os estudantes informam que não há previsão de quando o local será liberado.
“A assistência estudantil na UPE é muito precária. Reivindicamos restaurantes universitários e residência estudantil, que não existem em nenhum câmpus. A estrutura da universidade também deixa a desejar. É preciso renovar os acervos das bibliotecas, aumentar a verba do Estado para custeio da universidade e investir nos laboratórios”, afirma a vice-presidente do DCE, Lalesca dos Santos, aluna de educação física.
Miqueline Melo cursa o 3º período de enfermagem. Diz que aulas práticas são prejudicadas por falta de material. Na disciplina de parasitologia, por exemplo, só havia três microscópios para uma turma de 60 alunos. Por isso as aulas foram teóricas, com uso de slides. “As peças de anatomia também são muito antigas. No Oswaldo Cruz muitas vezes faltam gazes, luvas e até papel toalha para secarmos as mãos”, relata a estudante.
Diretor do câmpus Petrolina, Moisés Almeida ressalta o déficit de técnicos administrativos e professores. “O número de servidores é muito abaixo da nossa necessidade. Há setores, como o protocolo e a secretaria do colegiado, que funcionam apenas com estagiários”, ressalta Moisés, que apóia a ocupação da unidade. Petrolina foi o primeiro câmpus da UPE a ser ocupado (começou dia 11).
Em Nazaré da Mata, a diretora, Auxiliadora Santos, diz que precisa consertar o ônibus para realização de aulas de campo. O serviço está orçado em R$ 15 mil. “Estou esperando autorização da Secretaria da Fazenda. Nesse semestre só houve uma excursão porque pegamos o ônibus emprestado de Garanhuns”, explica Auxiliadora.
ORÇAMENTO
Pró-reitor de Administração e Finanças da UPE, Rivaldo Albuquerque explica que a UPE depende de edital do Ministério da Educação para incrementar a assistência estudantil. Atualmente só 158 alunos (de um universo de quase 20 mil estudantes da graduação) recebem bolsa de R$ 260 mensal para ajudar nas despesas do curso. Rivaldo assegura que não há atraso no pagamento das bolsas. Já a Secretaria de Educação de Pernambuco informa que está pagando as bolsas do Prevupe e se esforçando para regularizar as atrasadas até o final do ano.
O pró-reitor reconhece a necessidade de aumentar o quadro de técnicos e professores mas diz que isso depende do governo estadual. “No total vamos receber do Estado, este ano, cerca de R$ 21 milhões, valor menor que o do ano passado. Temos 15 câmpus. Só dá para custeio. A mobilização dos estudantes é importante. A restrição orçamentária que a UPE está passando prejudica a atividade acadêmica. É justo que os alunos reivindiquem melhorias”, observa Rivaldo.