EDUCAÇÃO

Estado vai pedir reintegração de posse das escolas que não negociarem saída pacífica

Secretaria de Educação deu prazo até esta terça-feira para que estudantes procurem o órgão para negociar. Há dez escolas ocupadas, todas no Recife

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 13/12/2016 às 7:30
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Secretaria de Educação deu prazo até esta terça-feira para que estudantes procurem o órgão para negociar. Há dez escolas ocupadas, todas no Recife - FOTO: Foto: Ashley Melo / JC Imagem
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A Secretaria de Educação de Pernambuco vai pedir reintegração de posse das escolas que estão ocupadas e cujos estudantes não estão negociando saída pacífica dos prédios. Segundo o titular da pasta, Frederico Amancio, foi dado prazo até hoje para que os jovens das unidades procurem a secretaria para tentar chegar a um entendimento. São dez colégios ocupados, todos no Recife, onde estudam 6.640 alunos, a maioria do ensino médio.

Frederico participou, ontem à tarde, da quinta reunião intermediada pela promotora de Educação, Eleonora Rodrigues, entre os alunos das unidades ocupadas e a secretaria. Ele não quis informar quais das dez escolas ocupadas estão sem negociar. “Nos colégios que os estudantes não estão conversando conosco vamos dar entrada na Justiça com pedido de reintegração de posse. O diálogo está aberto. Mas não podemos esperar tanto”, afirmou o secretário de Educação.

A rede estadual tem cerca de 620 mil alunos matriculados. Somente três escolas ocupadas oferecem turmas dos ensinos fundamental e médio. As outras sete são exclusivamente do ensino médio, sendo seis de horário integral. Os estudantes das ocupações são contrários à PEC que limita o crescimento dos gastos públicos federais nos próximos 20 anos. Também discordam de pontos da reforma do ensino médio.

O ano letivo acaba quarta-feira da próxima semana (dia 21). Como as aulas foram suspensas nas unidades ocupadas, os estudantes desses colégios correm o risco de passar parte das férias de janeiro estudando ou de terem o início das atividades letivas de 2017 adiadas. “Vamos definir o calendário de reposição caso a caso. Encerrada a ocupação, sentaremos com a direção, professores e alunos de cada escola”, explicou Frederico Amancio.

Conforme o secretário, em algumas unidades será possível cumprir a carga horária exigida (200 dias letivos) ainda este ano. Em outras não. “Quanto mais rápida for a desocupação, menor o prejuízo para os alunos. Se der para terminar a carga horária ainda em 2016, melhor. Faremos o possível para isso. Caso contrário, as aulas serão ministradas em janeiro ou, em último caso, em fevereiro, adiando, assim, o início do ano letivo de 2017”, observou Frederico Amancio.

“Não sou contra a ocupação, mas nos prejudica. Fiz o Enem e vou me inscrever no Sisu (seleção das vagas nas universidades federais, que abre em janeiro). Como tive mais de 75% de frequência e já estava aprovada antes da ocupação, a Secretaria de Educação disse que poderá dar minha ficha 19, caso eu consiga entrar numa universidade”, afirmou Thaís Falcão, 17 anos, aluna da Escola de Referência em Ensino Médio Silva Jardim,situada no bairro do Monteiro, Zona Norte do Recife. A escola está ocupada desde 21 de novembro.

ASSEMBLEIA

Estudantes da Erem Cândido Duarte, localizada em Apipucos, também Zona Norte, decidiram em assembleia não liberar o prédio. O colégio foi o primeiro a ser ocupado na capital pernambucana, juntamente com a Erem Martins Júnior, que fica no bairro da Torre, no dia 7 de novembro. São 287 alunos matriculados na Cândido Duarte.

“O muro do pátio está caindo. A fiação elétrica tem problemas. Os banheiros vivem entupidos. Não temos auditório e as salas não são climatizadas. Fizemos uma assembleia hoje (ontem) e decidimos não sair”, ressaltou Victor, aluno do 3º ano que não quis dizer o sobrenome.

Segundo ele, a secretaria se comprometeu a consertar o muro, a fiação e os banheiros. Sobre o auditório e a climatização das salas Victor disse que a secretaria não teria como atender o pleito dos jovens a curto prazo.

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