EDUCAÇÃO

Presença da família melhora aprendizado das crianças

Municípios da Zona da Mata Sul apostam no estímulo à participação dos pais no processo de alfabetização dos filhos

Da editoria de Cidades
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Publicado em 25/02/2018 às 9:00
Foto: Felipe Ribeiro /  JC Imagem
Municípios da Zona da Mata Sul apostam no estímulo à participação dos pais no processo de alfabetização dos filhos - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem
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Com resultados preocupantes na Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), realizada pelo Ministério da Educação em 2016, municípios da Zona da Mata Sul pernambucana apostam em ações para estimular a participação das famílias no dia a dia escolar. Das 24 cidades que compõem a região, apenas Cortês teve mais de 50% dos alunos com níveis satisfatórios em leitura. Em Palmares, o projeto Pais que leem, da Escola Municipal Jader Carlos da Silva, é um exemplo de como o envolvimento de parentes do estudante faz a diferença e acelera o processo de leitura e escrita.

O colégio de Palmares tem o maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da rede municipal nos anos iniciais do ensino fundamental (5,8). Não dispõe de biblioteca. Mas os 294 alunos, da educação infantil ao 5º ano, levam livros para casa. Depois, os pais ou responsáveis são convidados a compartilhar a leitura na turma do filho.

“Quando a família está junto, a criança aprende mais e melhor. Na culminância do projeto, cada pai vem um dia na escola para ler o livro com os filhos e os coleguinhas dele. Algumas mães contaram que começaram a gostar de ler por causa disso”, diz a diretora, Hévea Barros. A dona de casa Natali Marques, 21 anos, aprova e participa do projeto com o filho mais velho, Warllyson Leonardo Marques, 5.

“Ele conhece as letras, ainda não lê. Mas faço questão de mostrar as figuras, contar a história”, afirma Natali, que parou de estudar no 9º ano do ensino fundamental porque engravidou. O marido só cursou até o 6º ano.

Palmares, Cortês e Quipapá figuram na lista dos cinco municípios da Mata Sul com melhores desempenhos na ANA em leitura e escrita. Escada, Tamandaré e Gameleira aparecem na relação dos cinco piores nas mesmas áreas.

“Além de estimular projetos de leitura, investimento em formação continuada dos professores acontece uma vez por mês, em parceria com o Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco”, explica a secretária de Educação de Palmares, Elizângela Neves.

RANKING

No ranking da ANA, Catende está entre as cinco cidades com maior aproveitamento dos alunos em leitura, embora ainda seja baixo (35%). Na Escola Municipal Luciane Lucena, a equipe gestora decidiu ajudar os professores no processo de alfabetização. Dos 654 alunos do ano passado, quase metade estava abaixo do nível de leitura e escrita exigido pela série.

“Começamos a fazer um atendimento individual, focando na necessidade de cada criança”, explica a diretora, Viviane Fênix. Mesmo tendo que gerenciar a escola, ela foi uma das que arregaçaram as mangas nessa tarefa. Caio Fábio Paulino, 7, foi um dos beneficiados. Em pouco tempo começou a ler. “Caio conhecia as letras, mas não juntava as palavras. Agora lê palavras simples. Está muito motivado para ir à escola”, assegura Fábio Paulino, pai do garoto.

A secretária de Educação de Catende, Maria do Carmo Mendes, pretende ampliar o projeto para toda a rede. Outra iniciativa que ela planeja para este ano é a criação do Fórum de Pais. “Queremos os pais envolvidos, participando não só do processo educacional dos filhos, mas também fiscalizando, cobrando e ajudando a escola”, ressalta Maria do Carmo.

ENCHENTES

As constantes enchentes da Zona da Mata Sul de Pernambuco afetam a vida escolar de alunos e professores. Além de interferirem no aprendizado e nas avaliações a que os estudantes são submetidos, acentuam problemas de infraestrutura das unidade de ensino. Aulas são suspensas e salas acabam ocupadas por famílias desabrigadas.

Em Palmares, o prédio da Escola Municipal Fernando Augusto Pinto Ribeiro, chamada pela população de ginásio municipal, no Centro, foi destruído pelas inundações de 2010. Quase oito anos depois, o edifício ainda não foi totalmente reconstruído. Os alunos foram transferidos para outro colégio.

A promessa da Secretaria de Educação de Pernambuco é entregar a nova escola em junho. A enchente de 2010 destruiu total ou parcialmente 29 escolas das redes estadual e municipais. A União repassou para o governo do Estado verbas para resolver o problema.

Segundo a secretaria, o ginásio de Palmares é uma das duas unidades ainda pendentes. A outra é a Escola Municipal Carlos de Lima Cavalcanti, em Cortês. O atraso em ambas ocorreu porque a construtora responsável pelas duas obras faliu.

Na Escola Jayme de Castro Montenegro, também no Centro de Palmares, as chuvas do ano passado destruíram móveis e equipamentos. As aulas foram suspensas por uma semana. O laboratório de informática está interditado, com paredes mofadas. O colégio é um dos que devem receber recursos do Ministério da Educação (MEC) para reforma.

As manchas nas paredes do Centro Municipal de Educação Infantil Antônia Alves de Souza Cordeiro, no bairro de Canaã, em Catende, denunciam a intensidade da chuva que alagou a cidade em julho do ano passado. Chegou a cerca de 1,5 metro. Desde então, as crianças foram transferidas para outro prédio, distante do bairro. São levadas por um ônibus da prefeitura.

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