EDUCAÇÃO

Professora é espancada por mãe de aluno no Cabo de Santo Agostinho

Caso aconteceu no dia 22 de fevereiro e expõe a violência escolar a que docentes estão submetidos

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 04/03/2018 às 5:15
Foto: Felipe Ribeiro /  JC Imagem
Caso aconteceu no dia 22 de fevereiro e expõe a violência escolar a que docentes estão submetidos - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem
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Com sete anos de magistério, uma professora da rede municipal do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, foi agredida por uma mãe de aluno, no dia 22 de fevereiro. A violência foi praticada na frente de pais e alunos e deixou a docente bastante abalada.  "Nunca imaginei passar por uma situação como aquela. Doeu na alma”, diz.

Na semana passada, um professor de uma escola da rede estadual localizada no Recife ganhou na Justiça o direito a uma indenização que deve ser paga por uma ex-aluna. Leia, abaixo, a entrevista com a professora do Cabo:

JC – Como aconteceu a agressão?
PROFESSORA – No terceiro dia de aula, a aluna chegou em casa com uma mancha no braço, segundo a mãe dela. Elas voltaram na escola e a mãe perguntou à porteira por mim. Eu já havia ido embora. A mãe disse que a filha tinha contado três versões para o ferimento: que havia batido na porta, que um colega tinha machucado ela e, depois, que a professora tinha batido nela. Como não me encontraram, foram embora.

JC – E depois?
PROFESSORA – Elas voltaram no dia seguinte. Faltavam uns 20 minutos para começar o turno. A mãe me abordou, dizendo logo que eu tinha batido na filha dela. Perguntei à menina se isso realmente tinha acontecido. A criança estava com os lábios roxos de tão nervosa, tremendo. Não respondeu nada. A mãe puxou meu cabelo e meu deu um soco no rosto, do lado esquerdo. Desmaiei e caí no chão. Ela continuou chutando meu rosto. Só parou quando o marido dela, que estava do lado, e a diretora da escola, intervieram e a tiraram de cima de mim. Alunos e pais que chegavam viram tudo. Muita gente presenciou a agressão. (ela chora neste momento)

JC – Como a senhora ficou?
PROFESSORA – Muito abalada (continua chorando). Fiquei desorientada. Fui socorrida. Depois estive na Delegacia do Cabo e registrei uma queixa. Também fui ao IML no Recife para exame de corpo de delito. Meu rosto ficou desfigurado, quatro dias para desinchar. Os lábios estouraram. Por sorte não aconteceu nada grave com meu olho. Só sai de casa uma semana depois. Estava com medo.

JC – A senhora pretende voltar para escola ou para sala de aula?
PROFESSORA – (Silêncio). Não sei o que fazer daqui pra frente. Estou com medo de voltar. Nunca passei por tanto constrangimento. Chorei muito todos esses dias. Escolhi ser professora por vocação, gosto muito de alfabetizar. Tem que haver uma relação de confiança entre a escola, os pais e os professores. Tenho um filho de 3 anos e jamais faria mal a uma criança. A agressão que sofri doeu na minha alma. Os hematomas doeram, mas vão sumir. O constrangimento, a humilhação, o desrespeito, não. As marcas ficarão para sempre.

JC – Espera que a mãe da aluna seja punida?
PROFESSORA – Estou preocupada com a menina, que desde o episódio não foi mais para a escola. A criança é que sai perdendo. Soube que no ano passado a mãe dela agrediu outra professora, em outra escola. Queria que a mãe fosse punida para não fazer isso de novo.

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