EDUCAÇÃO

Escola do Recife busca recursos para incrementar aulas de robótica

Erem Beberibe, na Zona Norte, conta com projeto da professora Marta Fontes. Campanha virtual quer arrecadar R$ 3.566,12

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 11/06/2018 às 9:32
Foto: Filipe Jordão /  JC Imagem
Erem Beberibe, na Zona Norte, conta com projeto da professora Marta Fontes. Campanha virtual quer arrecadar R$ 3.566,12 - FOTO: Foto: Filipe Jordão / JC Imagem
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O aprendizado de matemática e física se tornou mais fácil e atrativo com o uso de robótica na Escola de Referência em Ensino Médio Beberibe, localizada no bairro de mesmo nome, Zona Norte do Recife. Entusiasmados, os adolescentes das três séries do ensino médio começaram a treinar para participar de competições e olimpíadas. O problema é que os materiais estão desatualizados. A docente Marta Fontes, responsável por estimular os estudantes, precisa de R$ 3.566,12 para comprar um novo kit Lego, mais moderno. Quem quiser ajudar é só acessar o site somosprofessores.org.br (clique aqui).

A boa notícia é que a Fundação Educa (Educa Foundation), uma entidade criada por brasileiros residentes no exterior, também resolveu colaborar. A instituição contribui com o desenvolvimento do País apoiando ações de educação, sobretudo para pessoas menos favorecidas. A cada R$ 1 que for doado para o projeto, a fundação vai repassar o mesmo valor.

Significa que, na prática, Marta precisa arrecadar a metade do orçamento calculado pela SomosProfessores, ou seja, R$ 1.783,06. A 51 dias do término da campanha de financiamento, o projeto já tem 30% dos recursos assegurados.

O grupo de robótica tem 12 alunos. Seis começaram ano passado e seis ingressaram este ano. A participação é voluntária. Os adolescentes se reúnem durante os intervalos das aulas, do recreio e do almoço. Como a escola funciona em regime integral, iniciam as atividades às 7h30 e ficam até 17h, de segunda à sexta-feira. O estudante que participa da robótica deve tirar boas notas em todas as matérias e ter boa conduta.

“Sou formada em matemática, mas na Erem Beberibe ensino física. A robótica ainda não entrou no currículo regular. Me junto com o grupo da robótica nos intervalos. Eles são muito interessados. É uma geração tecnológica que muitas vezes aprende sozinha”, conta Marta. Com a reforma do ensino médio, prevista para ser implementada nos próximos anos, ela acredita que a robótica passará a integrar a grade curricular como disciplina eletiva.

COMPETIÇÕES

Em 2017, uma equipe da escola participou da etapa estadual de um torneio promovido pela Lego (First Lego League). Entre as 36 unidades de ensino participantes, a Erem Beberibe ficou na 12ª posição. A meta é concorrer, este ano, na Olimpíada Brasileira de Robótica. “O kit de que dispomos hoje na escola tem a finalidade pedagógica. Precisamos de um kit com objetivo de competir. Por isso inscrevi um novo projeto no site do Somos Professores”, explica Marta.

No ano passado, ela ganhou, também pela página, um sensor de cor e portas que ligam os sensores aos motores. Foi o projeto Robotizando Beberibe. “Agora necessitamos de peças mais modernas”, observa a professora. As ferramentas atuais estão ficando fora de uso devido às configurações.

Thiago Hércules Silva, 15 anos, aluno do 2º ano do ensino médio, é um dos participantes. “Desde pequeno gosto de programação. Estou adorando participar das aulas de robótica”, afirma o adolescente.

"Vi uma reportagem sobre a escola e quis muito estudar aqui por causa da robótica. Estou adorando participar”, conta Alice Alves, 15 anos, estudante do 1º ano. "Depois que comecei na robótica, fiquei mais criativo e concentrado. Acho que me ajuda a fazer cálculos mais facilmente”, assegura Arthur Albuquerque, 16, aluno do 2º ano.

“Ano passado desenvolvemos um projeto de reaproveitamento da água do bebedouro para aguar as plantas do pátio da escola”, relata Thiago. “As peças que usamos estão defasadas. Às vezes colocamos os sensores e dá uma pane. Por isso será ótimo se a gente ganhar um kit novo”, comenta.

APOIO

“O projeto Robotizando é um grande exemplo de como, com um pequeno apoio, professores dedicados podem proporcionar a seus alunos uma educação diferenciada e despertar neles o interesse pelo aprendizado e pela ciência. E, talvez mais importante, gerar nos alunos um sentimento de que eles são capazes de realizar qualquer sonho”, destaca um dos criadores da Fundação Educa, Gui Silva. Ele diz que a entidade resolveu apoiar projetos do site SomosProfessores “pelo trabalho sério e de impacto que estão fazendo”.

Gui Silva acredita que a educação do aluno vai além da sala de aula. “Uma relação saudável e de verdadeira parceria entre a escola, famílias dos alunos e sociedade civil pode trazer grandes benefícios para as comunidades onde estão localizadas essas escolas e para nosso País”, destaca.

PLATAFORMA

Lançada em 2015 por um grupo de jovens pernambucanos, a SomosProfessores.org é hoje a maior plataforma de crowdfunding para docentes da rede pública do Brasil. Até agora, 40 projetos saíram do papel graças aos R$ 67 mil arrecadados no esquema de vaquinha virtual. Foram viabilizadas iniciativas de 39 professores de 11 cidades do Estado, beneficiando cerca de 10 mil alunos.

Para contribuir, basta acessar www.somosprofessores.org e escolher a proposta que deseja apoiar. Não existe valor mínimo e as doações podem ser feitas por boleto ou cartão de crédito. Atualmente, além da ação da professora Marta Fontes, há outras cinco ideias esperando recursos.

Um dos projetos, em fase de arrecadação, pretende levar as tradições de Olinda para turmas da educação infantil. Outro, em Jaboatão dos Guararapes, visa estimular a leitura em alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. No Recife, há um voltado para melhorar os hábitos alimentares de jovens do ensino médio.

No interior, uma professora de Timbaúba, na Zona da Mata, deseja apoio para continuar com um coral formado por estudantes dos anos finais do fundamental. Num colégio da vizinha cidade de Macaparana, o objetivo é estimular o debate filosófico entre jovens do ensino médio.

Pelas regras da SomosProfessores, os docentes não recebem dinheiro. Os valores arrecadados com as doações virtuais são usados para comprar o material solicitado e entregues à escola. O docente se compromete a enviar registros da realização das atividades aos seus doadores.

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