A 40 quilômetros da capital, Itapissuma, no Grande Recife, enfrenta muitos desafios. Dos quase 24 mil habitantes, mais de 50% recebem menos de meio salário mínimo, de acordo com o último censo do IBGE. Mas a cidade, uma das menores e mais pobres da região, tem muito o que comemorar no que diz respeito à educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador da qualidade do ensino, divulgado segunda-feira (3), coloca o município no 1º lugar entre os anos finais do ensino fundamental e em 2º entre os anos iniciais na Região Metropolitana.
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Nos anos finais, Itapissuma ficou com Ideb de 5,4, superior à meta de 3,9. Nos iniciais, alcançou 5,1, acima da meta de 4,6. “Mudamos práticas, mexemos na gestão das escolas, passamos a investir em material didático, a acolher projetos dos governos estadual e federal e implementamos reforço escolar nas 15 unidades de ensino. O resultado é a soma de nossos esforços”, destaca o secretário de educação do município, Jesanias Rodrigues de Lima. A rede municipal tem 3.395 alunos e 425 professores.
Escola Municipal Francelina Rogaciano da Silva é exemplo de superação. Até o início do ano passado, era a mais problemática da rede. “A polícia precisava estar lá todos os dias. Até drogas circulavam na unidade”, conta o secretário. Quando assumiu a pasta, no ano passado, decidiu que a prioridade seria a disciplina. “A maioria não tinha referencial de autoridade. A escola era um local sem regras. Então, o primeiro passo foi impor normas. Também buscamos parcerias com a Secretaria de Juventude, apoio do Conselho Tutelar e do serviço de psicologia do município. Em três meses, os resultados apareceram”, conta Adriana Lima, gestora da escola.
Além disso, a unidade mudou o método de ensino. “Passamos a investir na iniciação científica, no desenvolvimento de projetos e aproximamos os pais da escola”, explica Adriana. O bom resultado atraiu alunos da rede privada. Em 2018, a unidade, a exemplo das demais da rede municipal, passou a contar com aulas e intérpretes da língua brasileira de sinais (Libras) nas salas de aula. Assim, o município espera alcançar resultados ainda melhores.
Nos anos iniciais, o primeiro lugar da RMR ficou com Jaboatão dos Guararapes. O município alcançou o Ideb de 5,2. “Cumprimos a meta de 2021. Nos anos finais, já atingimos a meta de 2019. Tivemos o incremento de 683 professores, melhoramos a estrutura das escolas e passamos a focar nos indicadores e nas necessidades dos estudantes”, explica a secretária de educação Ivaneide Dantas.
META
Dos 15 municípios da RMR, oito cumpriram a meta e cresceram no Ideb (Jaboatão, Itapissuma, Camaragibe, Recife, Cabo, Itamaracá, Araçoiaba e Igarassu) nos anos iniciais entre 2015 e 2017. Nos finais, apenas três (Jaboatão, Cabo e Igarassu) alcançaram o objetivo e conseguiram aumentar o Ideb. No caso de Itapissuma, não é possível constatar o crescimento, porque não houve registro de Ideb em 2015. De acordo com o secretário, naquele ano os dados não foram computados porque poucos alunos compareceram às provas do Saeb, que compõem o indicador do Ideb.
O pior resultado dos anos iniciais na RMR foi o de Moreno. A reportagem procurou a prefeitura ontem à tarde, mas não obteve resposta. Nos anos finais, o pior Ideb foi o de Goiana. O prefeito do município, Osvaldo Rabelo Filho, reconheceu o que chamou de sucateamento do ensino e garantiu que medidas estão sendo tomadas, sem entrar em detalhes.