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Atividades extracurriculares beneficiam rotina infantil

Especialistas apontam que práticas devem estar ajustadas às necessidades de cada criança e adolescente, de modo a melhorar comportamentos e favorecer o desenvolvimento psicológico, físico e social. Família deve acompanhar atividades bem de perto

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Publicado em 31/08/2019 às 9:37
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O sorriso largo na piscina não engana ninguém. Sofia, de 4 anos, adora fazer natação. Começou aos 7 meses de vida - um cuidado dos pais para estimular o desenvolvimento saudável da menina - e, até hoje, frequenta o espaço duas vezes por semana, durante 45 minutos, sempre no período vespertino, após sair do colégio. “Ela foi crescendo e continuou amando nadar. Nós achamos isso muito positivo porque a natação ajuda Sofia na socialização com outras crianças, no senso de cumprimento de horários e de disciplina”, analisa o pai da pequena, o administrador de empresas Rodrigo Salgueiro, 37, acrescentando que a filha também faz aulas de inglês.

De acordo com especialistas em saúde e educação infantil, atividades extracurriculares, como a prática de esportes ou o aprendizado de um idioma, por exemplo, oferecem incontáveis benefícios para crianças e adolescentes. Se bem ajustadas às necessidades de cada um, essas atividades podem impactar até mesmo na própria rotina de estudos regulares dos jovens e aumentar o rendimento escolar.

Segundo a psicopedagoga Shirley Martins de Carvalho, as atividades no contraturno da escola podem impactar positivamente em vários aspectos. “Atividades como balé, judô, futsal, acompanhamento com psicopedagógico, psicomotricista e, quando necessário, reforço escolar, irão contribuir para o sucesso das crianças no colégio. Elas podem ajudar no desenvolvendo da integração, socialização, autonomia, segurança e responsabilidade. Quando feito de forma correta, a criança irá ter um bom desenvolvimento na área cognitiva, psicomotora e afetiva, favorecendo nos conteúdos em sala de aula e aumentando a autoestima e motivação”, explica a profissional, reforçando que a escolha da atividade precisa respeitar a necessidade e a faixa etária de cada criança ou adolescente.

MUSICAL

Letícia Marinho, 10 anos, passa as manhãs de terças e quintas-feiras se divertindo com instrumentos musicais. Aluna do Conservatório Pernambucano de Música desde 2017, ela já tocou flauta e fez aulas de iniciação musical. Hoje, aprende violão e adora tocar “Girassol”, de Alceu Valença. Às sextas à noite, a jovem ainda encontra tempo para fazer aulas de vôlei.

A mãe de Letícia, a enfermeira Andrea da Silva, 45, acredita que as atividades praticadas pela filha trouxeram resultados valiosos para a educação da menina. “Eu acho que melhora no rendimento escolar, porque ela aprende que, para se sair bem, tem que praticar, exercitar. Ela entende que treinando regularmente vai conseguir consequências positivas e que ela pode vencer desafios”, avalia Andrea.

A neuropsicóloga Kátia Santos acrescenta que as atividades extracurriculares preparam as crianças ao convívio social. “Elas passam a pensar num todo, respeitando a convivência harmônica com outras crianças e aprendendo regras que vão levar para a vida inteira”, afirma. Ainda de acordo com a especialista, este tipo de ocupação faz com que a criança passe a se conhecer melhor, enquanto indivíduo. “Essas atividades ensinam a questão do relacionamento, mas também explicam noções de individualidade, autonomia e autoconfiança”, pontua.

CONCENTRAÇÃO E DISCIPLINA

Há dois anos, Renato Melo Duarte, 10, faz aulas de capoeira e de boxe, duas vezes por semana. Para a mãe dele, a advogada Paula Melo, 41 anos, as atividades têm ajudado o filho a melhorar a concentração e a socialização com outras crianças. “Renato era uma criança ansiosa e tenho percebido que a capoeira tem favorecido o foco e a disciplina dele. Na capoeira, há a possibilidade de mudar de corda e ele se esforça para conseguir progredir no esporte. Além disso, ainda tem a música, que eu acho muito importante e de que ele gosta muito”, afirma Paula. Renato gosta tanto de capoeira que este foi o tema escolhido para sua última festa de aniversário.

Além de capoeira e boxe, Renato também faz aulas de inglês. Paula tem outros dois filhos, que são gêmeos, Eduardo e Henrique, de quatro anos. Os mais novos fazem aulas de natação. “Acredito que o esporte é muito importante para o desenvolvimento de uma criança, desde que não haja sobrecarga. Eles não podem ficar com atividades todas as tardes comprometidas por atividades, mas, com orientação e cuidados, é salutar para o desenvolvimento”, opinou.

Apesar de relevante para o crescimento infantil, a atividade esportiva precisa sempre do acompanhamento de um profissional qualificado. “É sempre importante ter o apoio de um especialista porque ele vai saber conduzir o processo de desenvolvimento e de estímulos para cada criança. É a pessoa preparada para entender a necessidade de cada criança, de cada faixa etária, de cada nível de evolução dentro do esporte”, explica o professor de Educação Física, Lucas Adolfo.

O profissional reforça que, quando ministrada por um profissional, a atividade física contribui para vários aspectos do desenvolvimento de uma criança. “Pensando que hoje em dia tudo é tecnologia e que as crianças se movimentam menos, o desenvolvimento motor acaba ficando em segundo plano. Neste contexto, a educação física bem aplicada é de fundamental importância para o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social”, conclui Adolfo.

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Depois de iniciação musical e flauta, Letícia está interessada em tocar violão no conservatório. - Luisi Marques/JC360
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Sofia começou aos sete meses a fazer natação. Um cuidado dos pais para estimular o desenvolvimento. - Débora Claro/JC360
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A mãe Mariana acompanha Tereza nas aulas, há quatro meses. - Luisi Marques/JC360
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Capoeira foi o tema da festa de aniversário de Renato. Há dois anos a atividade faz parte da rotina. - Arquivo Pessoal

 

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