Conhecido pelos vários benefícios que traz aos seus jogadores, o xadrez tem ganhado cada vez mais espaço dentro das instituições de ensino, como parte do planejamento pedagógico. "O jogo acaba desenvolvendo habilidades bem particulares em cada aluno, não necessariamente apenas relacionado à matemática e ao raciocínio lógico”, explica Armando Vasconcelos, jogador de xadrez desde 1988 e professor no Colégio Santa Maria - Boa Viagem. “Mas se for para dar uma característica geral, com certeza o xadrez ajuda a desenvolver a disciplina e foco. Independentemente da matéria que o aluno goste, ele precisa estar focado e disciplinado para poder render melhor.”
Além de estimular o raciocínio lógico, o foco e a concentração, o xadrez aguça a memória e a curiosidade. “Quando comecei a praticar, precisei aprender inglês e espanhol para poder entender a atividade histórica e ler sobre os torneios de Amsterdã, um dos mais importantes do mundo. O jogo desenvolve essa autonomia na criança, esse interesse de ir atrás de mais conhecimento”, continua o professor. Foi assim para Arthur Carvalho de Alencar, de 12 anos. Ele é estudante do 7º ano do Colégio Santa Maria, onde começou a praticar o esporte. “Meu pai e meu tio já jogavam xadrez, mas não estudavam sobre. No segundo ano, conheci a aula e o professor. Gostei muito e entrei no clube de xadrez há três anos. Pratico entre uma e uma hora e meia todos os dias, acompanho um canal no Youtube. Adoro! Vir para cá foi como realizar um sonho”, conta.
Tamanha dedicação já está sendo reconhecida. Pela primeira vez, Arthur vai poder disputar o Campeonato Pernambucano de Xadrez. “Ainda não tinha participado, porque só pode jogar a partir dos 12 anos. E agora eu posso. Estou muito animado, mas também tenho que manter meu foco, para não dispersar.” Com o sonho de prestar vestibular para Medicina, Arthur também reconhece os benefícios do jogo nos estudos, para além da diversão e da satisfação pessoal. “Jogo para me distrair, e também para me concentrar. Me ajuda principalmente em matemática, por causa do raciocínio lógico. Me ajuda em tudo que exige concentração, na verdade, porque você precisa se concentrar para mexer a peça para uma melhor posição e buscar a vitória. O xadrez é muito bonito”, afirma.
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Foi em busca desses resultados que as aulas de xadrez passaram a fazer parte da grade curricular do colégio, destinadas aos alunos do segundo ao quinto ano do Ensino Fundamental. “Todos os alunos têm aulas regularmente. Já o clube é para quem quer ter um treinamento diferenciado, mais profundo, duas vezes na semana”, explica o professor Armando.
Ele conta que o esporte tem beneficiado, principalmente, os alunos que precisam lidar com a pressão de provas e competições. “O xadrez conta com um relógio para administrar a partida, e isso ajuda os alunos também a administrarem o tempo, lidar com essa pressão em vestibulares”, explica. “Ajuda muito na preparação emocional também, porque o xadrez é um jogo muito tenso. Você vai acumulando a tensão, porque não pode correr, não pode gritar, e o tempo vai passando e o jogador tem que mexer a peça. Assim também é cobrado deles nas provas”, continua. “Às vezes a gente vê que o aluno é muito capaz em uma disciplina, mas fica muito afetado por causa do tempo. Acontece um bloqueio total. A prática regular do xadrez ensina a contornar esse tipo de problema”
Luis Eduardo, de 11 anos, é estudante do 6º ano e faz parte da mesma turma do clube de xadrez que Arthur. Ele criou uma relação de carinho com o esporte graças ao pai. “Ele me ensinou porque gosta de jogar. Teve um torneio em sala de aula, fiquei em segundo lugar e acabei sendo chamado para o campeonato no colégio, o que despertou ainda mais o meu interesse no jogo”, conta. “Quero continuar jogando, conquistando, melhorando. O xadrez me ajuda muito e vai continuar ajudando, principalmente com a concentração”, afirma Luis, que sonha em ser neurocirurgião. “E jogar para sempre.”