EDUCAÇÃO

O que mudou no Enem entre os governos Temer e Bolsonaro

O Enem continua uma prova longa e cansativa, mas algumas temáticas mudaram; veja quais

Elton Ponce
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Elton Ponce
Publicado em 03/11/2019 às 17:20
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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O Exame Nacional do Ensino Médio em 2019 deixou muita gente de cabelo em pé. Com a nova gestão do Governo Jair Bolsonaro, onde o ministério da Educação é capitaneado por Abraham Weintraub, houve quem achasse que o cerne da prova seria completamente mudado. Isso, no entanto, não aconteceu. O Enem continua longo, cansativo, com muitos textos de apoio para o fera, muitos dados a serem interpretados e todas as questões técnicas já conhecidas nos últimos anos (preenchimento de gabarito, coleta de material em sala de aula etc).

A reportagem do Jornal do Commercio fez a prova no Bloco G da Universidade Católica de Pernambuco, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. O tempo de realização do exame foi de duas horas, das cinco horas e meia disponibilizadas. A intenção foi a disponibilização mais rápida da análise da prova para os leitores. Em 2018, a reportagem também fez o Enem, mas utilizando mais tempo. O que mudou no exame mais democrático e que universalizou o acesso às universidade no Brasil era o que já se esperava. Falta de aviso não foi.

No último dia 10 de outubro, Abraham Weintraub havia alertado que questões consideradas por ele como "ideológicas" não seriam abordadas na prova. E foi o que aconteceu. Temas como racismo e suas vertentes, além de preconceito e/ou inclusão da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) passaram longe das primeiras 90 questões da maratona que os estudantes encaram em dois domingos.

Nenhuma citação foi encontrada nas 90 questões de linguagens, códigos e suas tecnologias e de ciências humanas e suas tecnologia. Em 2018, na prova de linguagens, por exemplo, temas como racismo, machismo e cultura LGBT. Uma das questões teve “A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo” como título do texto a ser analisado. A finalidade era saber se o aluno entendia o que é um artigo acadêmico. Em outra, um "dialeto secreto" utilizado por gays e travestis explorado. Questões deste tipo não passaram nem perto do exame deste ano.

Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
Muitas pessoas deixaram mensagens motivacionais no portão do Bloco G, na Unicao - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Água, doces e outros "mimos" foram distribuídos para os feras - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Muitas pessoas deixaram mensagens motivacionais no portão do Bloco G - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Últimos feras correm para não perder a hora no Bloco G da Universidade Católica de Pernambuco - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Não houve atrasos no Bloco G da Unicap - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Provas transcorreram com normalidade na Unicap - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

O que tivemos em 2019

No entanto, outros temas importantes foram abordados. A liberdade de expressão foi um deles, e com uma menção a Pernambuco. Uma promovida pelo Ministério Público de Pernambuco no ano de 2015 foi tema de uma questão da prova de linguagens e suas tecnologias. A campanha alertava para que a população mantivesse vigilância sobre quem viola a liberdade de expressão e parte para o cerceamento do direito alheio, e a questão pedia que o fera interpretasse o cartaz apresentado na prova.

Além disso, o Enem 2019 tratou de como o culto ao corpo perfeito e os problemas da obesidade, as dificuldades das pessoas com deficiência física e como superá-las - como em questão que cita uma quadrinista surda- , a violência contra a mulher e as formas sutis de abuso; e da intolerância contra religiões de matriz afro-brasileira.

No próximo domingo (10), os feras encaram mais 90 questões de matemática e suas linguagens e ciências exatas e da natureza e suas linguagens.  

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