SAÚDE

Huoc fecha leitos de doenças infecciosas

A partir de quarta-feira (1º), por causa do fim do contrato de médicos, o Hospital Oswaldo Cruz deixa de internar vítimas de leptospirose e dengue. Restrições atingirão UTI do setor

Do JC Online
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Publicado em 31/05/2011 às 10:26
Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Além do déficit na assistência a partos e recém-nascidos, evidenciado nos últimos meses com a via-crúcis de mães e bebês, a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de Pernambuco terá novas restrições a partir de quarta-feira (1º). É que o Hospital Universitário Oswaldo Cruz, do Estado e localizado no Recife, referência em doenças infecciosas, deixará de internar pessoas com dengue e leptospirose. Nos próximos dias, será obrigado a fechar a UTI do setor, diminuindo também, o atendimento de casos de aids e tétano.

A partir desta quarta, médicos cujos contratos venceram no dia 30 de abril deixam de trabalhar. "Não podemos compactuar com a irresponsabilidade do governo. Aceitamos trabalhar mais um mês após o fim do contrato, porque havia promessa verbal de renovação. Mas isso não se concretizou", explica o médico Luciano Arraes. Sem os profissionais e outros da enfermagem, que também devem deixar o hospital, o Huoc não terá como manter os serviços no Pavilhão Antônio Figueira (22 leitos) e na UTI de doenças infecciosas.

"Estamos tentando mudar esse quadro, já fiz tudo que era possível, mas não é o Huoc que contrata", alegou o diretor Raílton Bezerra. A restrição no atendimento coincide com o aumento de casos de leptospirose, consequência dos alagamentos. No Huoc, a frequência de doentes aumentou em 100% nas duas últimas semanas.

São 60 profissionais contratados, dos quais 14 médicos. A equipe foi montada às pressas há dois anos a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (SES), durante epidemia de gripe H1N1. No ano seguinte, os contratos foram mantidos, em razão do aumento de dengue e leptospirose. Uma semana antes do término do contrato, em abril último, a SES comunicou ao Huoc que não haveria renovação, seguindo orientação da Secretaria de Administração. Coube então ao hospital apelar à Secretaria de Ciência e Tecnologia, à qual é vinculado, já que um concurso público solicitado há mais tempo - para suprir o déficit geral da unidade - não havia sido autorizado. No entanto, a única solução da secretaria é a seleção simplificada de novos profissionais, que levará semanas ou meses.

Ontem, havia 16 doentes na enfermaria de dengue e leptospirose e outros seis na UTI de sete leitos, que devem ser transferidos a outros hospitais. A Central de Regulação de Leitos do Estado já foi comunicada. O Huoc tem outras enfermarias para aids e tétano, mas, com o fechamento da UTI de doenças infecciosas, terá restrição para esses casos também. "Estamos preocupados porque já temos carência de leitos na rede, imagine sem o Huoc? Esperávamos que o Estado desse tratamento especial ao Oswaldo Cruz por ser uma referência", disse Wladimir Reis, coordenador da ONG GTP+, que assiste pessoas com HIV.

Fundado há 127 anos como hospital de doenças infecciosas, o Huoc, além de registrar taxas baixas de mortalidade no tratamento de leptospirose e dengue, dá consultoria ao Estado na hora de desvendar novas enfermidades. O hospital-escola ganhou fama internacional em 2008 ao curar jovem com raiva humana.

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