Desde o ano passado, a situação de abandono do Forte Orange, na Ilha de Itamaracá, no Litoral Norte do Estado, vem se agravando. Por conta disso, moradores da região irão se reunir nesta terça-feira (9), em frente à entrada do Forte em um ato de protesto e solidariedade a favor da preservação do patrimônio.
O problema começou logo após a morte de José Amaro de Souza Filho, 60 anos, que ficou conhecido como "O guardião do Farol". Ex-presidiário, José se voluntariou para cuidar do local, Patrimônio Histórico de Pernambuco. Em 2010, foi assassinado com vários tiros em seu sítio, onde criava codornas, na Estrada da Lagoa Azul, em Itamaracá, em um crime não esclarecido.
Reportagem de Karoline Fernandes / Rádio Jornal
De acordo com Sol Esoje, 29, filho do "Guardião do Farol", será um protesto pacífico que terá como principal instrumento a arte. Para isso, grupos de capoeira, coco de roda, ciranda e de teatro vão participar do manifesto, "A intenção é chamar a atenção do poder público e da sociedade para o descaso que se instala no Forte", disse.
Além do manifesto, a comunidade irá fazer uma espécie de "faxina geral" na área. Em memória do pai, Sol irá se acorrentar em uma bala de ferro e sairá apenas ao fim da limpeza. "A comunidade está muito engajada e sensibilizada pelo ato. Vou me acorrentar em uma das balas de ferro do forte e só vou sair quando a área estiver limpa", disse.
HISTÓRIA - Projeto do engenheiro Pieter Van Bueren, o Forte Orange foi construído logo após a invasão dos holandeses, em 1631, na Ilha de Itamaracá, localizado na entrada sul do canal de Santa Cruz, Litoral Norte do Estado. Feito inicialmente em taipa de pilão, no início do século XVIII, foi revestido em pedra e cal, em 1654, por engenheiros portugueses, conservando o traçado holandês original, com seus quatro baluartes. Nessa época, ganhou também o portão de entrada com brasão português.
No fim do século XVII, já ocupado pelos portugueses, o local passou a ser chamado de "Fortaleza de Santa Cruz." O local guarda o registro das lutas entre portugueses e flamengos pela região, que prosperava no plantio de açúcar e no escoamento de Pau-Brasil.
O Forte tem uma localização privilegiada - à beira-mar, em frente à Coroa do Avião -, e também um museu com fragmentos arqueológicos encontrados em escavações e painéis com reproduções de mapas e plantas da época.
