Após mais de dois anos de batalha na justiça, o ex-surfista Charles Heitor Barbosa Pires conseguiu do Estado o direito de ganhar duas próteses biônicas que irão ser utilizadas no lugar das mãos, perdidas após um ataque de tubarão na praia de Boa Viagem em 1º de maio de 1999. A decisão inédita foi fruto de uma luta judicial iniciada em 2010. As próteses custaram R$ 654 mil.
Charles entrou com um processo contra o Estado e se baseou num cumprimento à Constituição Federal. De acordo com o advogado de Charles, Marconi Barreto Junior, em 2011 o Estado foi condenado a pagar a prótese, mas não cumpriu e foi multado em R$ 1.000 ao dia. "Somente no final de abril é que o governo finalmente entregou as próteses", disse o advogado.
Foi na sala de aula do curso de Direito que o ex-surfista conheceu o professor e advogado Marconi Barreto Junior e começou a luta para conseguir próteses que o ajudassem a ter de volta a funcionalidade das mãos. O equipamento ficará nos pulsos do ex-surfista, podendo suportar até 90 kg.
Charles já fez os primeiros testes, todos no Recife, e agora terá que viajar ao Rio Grande do Sul - local de onde as próteses foram fornecidas - para realizar ajustes. "Elas [próteses] são comandadas por pensamento. Existe uma fase de adaptação, e ainda falta alguns ajustes. Tenho certeza que vai ser tudo muito melhor agora", disse o ex-surfista, que no próximo ano concluirá o curso de Direito e já tem perspectivas de trabalho.
"No momento, estou desempregado, mas sei que agora, com as próteses, tenho mais chances de conseguir um estágio na minha área", afirma.
De acordo com o coordenador do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), Fábio Hazin, os ataques de tubarão em Pernambuco totalizam 55, com 20 mortes. O primeiro registrado foi há 20 anos, e o último aconteceu em novembro de 2011, na Praia de Del Chifre, em Olinda, Região Metropolitana do Recife.
