CONJUNTO BEIRA-MAR

Três décadas de velhos problemas

Moradores não têm o que comemorar no aniversário de 30 anos do residencial, no Janga, Paulista. Exemplos de degradação estão por todos os lugares

Alexandre Morais
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Alexandre Morais
Publicado em 24/07/2012 às 14:53
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Problemas se multiplicam no Conjunto Beira-Mar, no Janga, em Paulista, Grande Recife - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Problemas se multiplicam no Conjunto Beira-Mar, no Janga, em Paulista, Grande Recife - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Problemas se multiplicam no Conjunto Beira-Mar, no Janga, em Paulista, Grande Recife - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

 

No próximo mês, o Conjunto Beira-Mar, no Janga, em Paulista, completa 30 anos. A data poderia ser lembrada com alegria por muitas famílias que realizaram o sonho da casa própria, receberam as chaves e aos poucos passaram a ocupar os apartamentos. (São 1.711 unidades distribuídas em 29 blocos, sendo 20 do tipo caixão e nove com estrutura de pilotis.)

Mas, os moradores dizem que não tem muito o que comemorar. As ruas esburacadas, sem calçamento e com lama demonstram a falta de infraestrutura do lugar. Hoje, o conjunto é marcado pela imagem da degradação, da sujeira. No dia em que a reportagem do JC esteve no residencial, os flagrantes de abandono denunciavam a falta de organização. O lixo estava exposto em diversas ruas e até nos fundos dos prédios. Os moradores denunciam que a coleta é feita apenas nas ruas e avenidas principais.

Na Rua Venturosa, o mato toma conta do lugar, impedindo a passagem de pedestres e carros. Na Rua Dr. Luiz Luís Ignácio de Andrade Lima, principal via de acesso aos prédios, onde tem início o canal batizado pelos moradores de Nossa Senhora de Fátima e que cruza todo o conjunto, muitas tampas de canaletas não foram colocadas e o perigo de acidentes é diário. A pintura da fachada dos prédios está desbotada e em nada lembra os primeiros dias do residencial. O único espaço de lazer dos moradores é uma Academia das Cidades, construída em dezembro de 2010 e que está em condições precárias.

Uma fossa estourada, ao lado do mercado público afugenta os clientes. Dos 90 boxes (40 no interior do mercado e 50 do lado de fora) apenas quatro continuam funcionando e com poucas opções de serviços. A maioria dos comerciantes desistiu de trabalhar quando percebeu que o mercado começou a ficar degradado. José Davi da Paz, 70 anos, tem um box onde vende peixes e crustáceos há mais de 19 anos e lamenta ver a situação de abandono do lugar. “Há muito tempo que a situação está ruim. Está tudo quebrado. A manutenção de parte elétrica é a gente que faz.”

Interdições de prédios condenados acabam provocando cenas de bairro-fantasma no conjunto. A Rua São Caetano, conhecida como Rua da Feira, e outras do entorno colecionam prédios abandonados. No edifício de 13 andares divididos em dois blocos, a ferrugem está exposta nas pilastras de sustentação. No local, seguranças particulares tomam conta do lugar 24 horas por dia para evitar invasões. Foi em 2007, depois de mais 20 anos de construído, quando muitos dos moradores já estavam perto de quitar os imóveis que tudo começou a se desfazer. Das 29 edificações, sete foram condenadas pela Defesa Civil de Paulista e cinco pelo Ministério Público. As falhas na estrutura dos imóveis foram detectadas em vistoria feita pela Defesa Civil em abril daquele ano.

A técnica de enfermagem Ana Paula Velasco, moradora de um dos prédios (D-11) do tipo caixão que foi condenado diz que nunca pensou que fosse enfrentar situação tão difícil. “Foi horrível quando a Defesa Civil interditou meu prédio e tive que sair às pressas do meu apartamento para outro bloco, com a sensação que tudo poderia vir abaixo. Dói muito, a gente comprar um apartamento com tanto sacrifício e depois não poder mais morar nele porque foram usados materiais de péssima qualidade na construção.”

Quem passou pelo mesmo drama foi o motorista José Francisco de Assis Soares Valeriano, 52. Apesar do laudo da Defesa Civil ter constatado risco alto no prédio em que ele vivia (D-10) desde 2008, só há um ano ele saiu do apartamento e decidiu morar de aluguel numa casa perto do conjunto. Líder comunitário há seis anos e morando há 28 no bairro, Assis Valeriano diz que um problema crucial na área é a violência. Assaltos acontecem a qualquer hora do dia ameaçando a tranquilidade das famílias. “A gente não se sente seguro para deixar os filhos e os netos da gente brincar na calçada em frente de casa. Até a Associação de Moradores vive fechada”, conclui.

A lista de problemas no Conjunto Beira-Mar parece não ter fim. Os moradores se queixam, também, das linhas de ônibus. Dizem que apenas duas linhas (Conjunto Beira-Mar/Boa Vista e Conjunto Beira Mar/Derby) não são suficientes para atender a comunidade, e reclamam do alto valor da tarifa. “A tarifa é de R$ 3,25 para um transporte de péssima qualidade”, a afirmação é de um usuário que não quis se identificar.

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