OBRA VIÁRIA

Construção de ponte no Recife remove 400 famílias

Em 45 dias, moradores da comunidade Vila Esperança, no Monteiro, começam a receber indenização ou auxílio-moradia

Do JC Online
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Publicado em 29/08/2012 às 6:46
Foto: Bernardo Soares/JC Imagem
Em 45 dias, moradores da comunidade Vila Esperança, no Monteiro, começam a receber indenização ou auxílio-moradia - FOTO: Foto: Bernardo Soares/JC Imagem
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Em 45 dias, famílias da comunidade Vila Esperança/Cabocó, no bairro do Monteiro, na Zona Norte do Recife, devem começar a deixar as casas onde moram e entrar no programa auxílio-moradia da prefeitura. A retirada dos moradores vai permitir a construção da parte norte da ponte, ligando a área ao bairro da Iputinga, na Zona Oeste. A obra faz parte do Projeto Capibaribe Melhor. Terça (28), a base de sustentação da estrutura começou a ser construída. A previsão é que esta fase demore outros 45 dias. Além da retirada das famílias, a Escola Estadual Silva Jardim, na Praça de Monteiro, vai ser reconstruída.

A ponte, segundo a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Maria de Pompéia, será uma estratégia para melhorar o trânsito, depois da polêmica gerada pela instalação do binário nas Estradas do Arraial e Encanamento. A estrutura terá 280 metros de extensão e 20 metros de largura, com duas faixas para cada um dos sentidos. No lado norte, terminará na Rua Pinto Campos. Na área oeste, na Rua Maria de Fátima Soares. O investimento, incluindo a requalificação das ruas, é de cerca de R$ 43 milhões, com recursos da Prefeitura do Recife e do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird).

Embora a retirada dos moradores tenha sido anunciada agora, o projeto é antigo. “Desde 2008 estamos tendo reuniões com as comunidades”, explica Guilherme Tavares, coordenador-geral do Capibaribe Melhor. “Vamos abrir concorrência pública, no próximo mês, para a construção de dois conjuntos habitacionais: o Capibaribe 1, na Iputinga, e o Capibaribe 2, em Monteiro”, anuncia. “A maioria dessas famílias, cerca de 400, já tinha sido cadastrada desde 2008. Algumas vão ser indenizadas e outras vão receber o auxílio-moradia até a entrega dos conjuntos”, completa.

A previsão é que os dois habitacionais fiquem prontos no fim de 2013. Moradores da área, entretanto, já antecipam que não vão aceitar o auxílio-moradia no valor de R$ 151. Alegam que o valor é insuficiente para alugar um outro imóvel.

“Onde vou morar? A prefeitura vem aqui, nos oferece essa miséria e diz que não tem outra alternativa. Então, muitos estão entrando na Justiça para pedir reavaliação desse valor”, comenta o motorista Emerson Caetano, morador da comunidade há 40 anos. Outros afirmam que vão perder o ganha-pão. “Tenho uma vendinha aqui, construída ao lado da minha casa. Como vou fazer para continuar ganhando meu dinheiro?”, questiona o comerciante Severino de Souza. “Essas pessoas da prefeitura nos oferecem uma miséria. Elas estão mais preocupadas com a ponte do que com a gente.”

O projeto inicial previa também a demolição da Escola Silva Jardim, mas foi reformulado. “As pessoas estão preocupadas, mas não vamos demolir o prédio e colocar o colégio para funcionar em outro lugar”, garante Guilherme Tavares. “Vamos adaptá-la ao projeto viário. Mesmo que parte da escola seja demolida, vamos reconstruir no mesmo lugar, apenas reformulando para essa nova realidade”, anuncia.

Os dois conjuntos habitacionais previstos no Capibaribe Melhor, segundo Guilherme Tavares, foram projetados de acordo com as necessidades das famílias, discutidas em vários encontros. “Estivemos reunidos com essas pessoas mais de cinco vezes, desde o ano passado. Elas tiveram a chance de optar pela indenização ou pelo reassentamento nos habitacionais. A maioria dessas casas é invasão e os lotes localizados nas margens do rio são áreas públicas”, explicou. No conjunto da Iputinga, serão construídos 124 apartamentos. Já em Monteiro, o habitacional terá 224 unidades.

Outra ponte será erguida na região, desta vez ligando os bairros da Torre (Zona Oeste) e Santana (Zona Norte). O projeto envolve ações de drenagem, iluminação e pavimentação, além da requalificação do Parque de Santana e das construção dos Parques de Apipucos e do Caiara.

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