achados arqueológicos

Mais tempo para novas escavações

Equipe pediu à prefeitura outros dois meses de trabalho, para ampliar pesquisa, que achou sepulturas com 13 esqueletos humanos, no Bairro do Recife

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 04/03/2013 às 6:37
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Equipe pediu à prefeitura outros dois meses de trabalho, para ampliar pesquisa, que achou sepulturas com 13 esqueletos humanos, no Bairro do Recife - FOTO: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Os arqueólogos da Fundação Seridó que encontraram um conjunto de sepulturas com 13 esqueletos humanos, possivelmente dos séculos 16 ou 17, no Bairro do Recife, pediram à prefeitura mais dois meses de trabalho, para ampliar a pesquisa. A rigor, as escavações iniciadas em 5 de janeiro deste ano deveriam ter terminado em 5 de fevereiro, num contrato de 30 dias.

Um mês, diz a arqueóloga Gabriela Martin, presidente da Fundação Seridó, é pouco para se chegar a alguma conclusão sobre os achados, um dos mais importantes do Bairro do Recife. “Precisamos de tempo para estudar, sem pressa”, declara a pesquisadora. Mesmo sem ter resposta do município, o grupo retomou o serviço na segunda-feira da semana passada.

Os esqueletos encontram-se numa área de 176 metros quadrados, em um terreno da Rua de São Jorge, na comunidade do Pilar. Encoberto por sucessivas camadas de aterro, o cemitério fica entre o Rio Beberibe e o mar. A proposta dos pesquisadores é ampliar o trecho escavado para a direita e para a esquerda, para frente e para trás, para saber se há mais enterros.

“Em 30 dias é possível identificar só a evolução urbana do lugar, pela divisão dos lotes, calçamento utilizado, ocupação das casas (residencial ou comercial) e hábito dos moradores, a partir do material resgatado (cachimbo, cerâmica, louça, garrafas de vidro)”, diz Manuela Matos, arqueóloga da Fundação Seridó, ao justificar a prorrogação do prazo.

Na avaliação de Manuela, os sepultamentos servirão para uma gama de pesquisas. Hoje mesmo, um professor de antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) programou aula de campo com os alunos no local, para estudar os esqueletos. A fundação pretende reforçar o trabalho de educação patrimonial na área escavada, com visitas de escolas.

Em janeiro, cerca de 80 moradores da comunidade do Pilar conheceram a pesquisa realizada no bairro onde vivem. “Recebemos grupos de dez pessoas por vez e mostramos a importância dessas descobertas para a cidade”, diz Manuela Matos. Dezoito pessoas participam das escavações, entre arqueólogos, estagiários e auxiliares, incluindo moradores do Pilar.

Os 13 esqueletos estão enterrados no chão, num mesmo padrão de sepultamento, de frente para o mar, de costas para o rio. Três já aparecem completos, com os ossos articulados e em bom estado de preservação. O cemitério estava 30 centímetros abaixo do alicerce das casas construídas nesse trecho do Bairro do Recife no século 18.

As sepulturas ficam no subsolo a 1,30 metro, 1,40 metro, 1,50 metro e 1,60 metro do atual nível da Rua de São Jorge. Ainda não se pode afirmar se são homens ou mulheres, negros, índios ou europeus. Há indícios que sejam do sexo masculino. A Fundação Seridó é uma organização não governamental pernambucana, contratada pela prefeitura para acompanhar e fazer pesquisas no bairro, durante a obra de construção de um conjunto habitacional na comunidade.

O terreno onde apareceram os sepultamentos corresponde à quadra 55 do residencial e no local serão construídos blocos de apartamentos. Os esqueletos serão tirados, levados para a UFPE e submetidos a exames. O Bairro do Recife é tombado pela União. Sexta-feira passada, a fundação comunicou a descoberta ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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