Os dois últimos banhos de mar do universitário Alexandre Gonzaga, 37, são separados por cinco anos de constante exercício de superação. Aos 32 anos, o pernambucano perdeu os movimentos das pernas ao bater a cabeça em um banco de areia, depois de um mergulho em uma praia dos Estados Unidos. Nesta quinta-feira ele foi à Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, para fazer as pazes com o mar. Teve receio de entrar na água e reviver o momento do acidente, mas acabou se emocionando quando sentiu o gosto do sal. Alexandre foi uma das pessoas que aproveitou o primeiro dia do Projeto Praia sem Barreiras no Recife, que funciona semanalmente, das quintas-feiras aos domingos.
“Tinha vindo no domingo (dia da inauguração da arena de acessibilidade), mas não tive coragem de entrar na água. Dá vontade de chorar. Nesta quinta trouxe minha irmã para me segurar caso eu desestabilizasse emocionalmente, mas deu tudo certo. Foi uma experiência incrível voltar a sentir o gosto salgado”, disse o estudante.
A arena do Praia sem Barreiras oferece o banho de mar assistido para idosos, pessoas com deficiência ou moilidade reduzida. Esse público também têm à disposição uma quadra para jogo de vôlei sentado, piscinas de plástico para crianças e duas tendas de fisioterapia e enfermagem. Vinte e um estudantes dos cursos de turismo, fisioterapia, educação física e enfermagem da Uninassau dão assistência aos visitantes.
“Fui muito bem recebida. Adorei tudo, principalmente a gentileza do pessoal que me atendeu. Queria que tivesse todos os dias. Até a cadeira é mais alta para a gente que não pode se abaixar”, elogiou a aposentada Maria José Pereira, 86.
Em abril, o Praia sem Barreiras deve chegar à Praça das Piscinas Naturais, em Porto de Galinhas. “Lá, o público terá acesso ao passeio de jangada e ao mergulho assistidos. Ainda não sabemos a data para o início das atividades, mas será em abril”, adianta a gestora de projetos especiais da Empetur, Aline Barbosa. O Praia sem Barreiras de Porto terá o apoio da ONG Rodas da Liberdade.
