Polícia

Estudante detida em protesto é levada para a Colônia Penal

Acusada de carregar uma bomba caseira, Crislayne Maria passou a noite na Delegacia de Santo Amaro e foi presa porque não pagou a fiança de R$ 5 mil

Do JC Online
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Publicado em 27/06/2013 às 8:55
Foto: Igo Bione / JC Imagem
Acusada de carregar uma bomba caseira, Crislayne Maria passou a noite na Delegacia de Santo Amaro e foi presa porque não pagou a fiança de R$ 5 mil - FOTO: Foto: Igo Bione / JC Imagem
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Uma das jovens detida durante a manifestação da última quarta-feira (26) foi encaminhada à Colônia Penal Feminina do Recife, na Iputinga, Zona Oeste, no começo da manhã desta quinta-feira (27). Crislayne Maria da Silva, de 19 anos, é acusada de carregar uma bomba caseira durante o protesto que pedia o passe-livre no transporte público e que saiu da Praça do Derby para o Centro de Convenções na tarde passada. Ela foi presa porque não pagou a fiança estipulada pela Polícia - no valor de R$ 5 mil.

Logo depois de dar entrada na prisão, a jovem recebeu a visita da mãe. A mulher permanece na frente da Colônia Penal nesta manhã, acompanhada de cinco amigos de Crislayne e membros dos diretórios centrais de estudantes (DCE) da Fafire e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Enquanto o grupo faz vigília no local, advogados tentam conseguir o habeas corpus da estudante. O pedido de liberação já foi apresentado à Justiça e os profissionais mobilizam os juízes para que ele seja analisado ainda nesta tarde. O presidente da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB-PE), Pedro Henrique Reynaldo Alves, também pediu que a estudante fosse liberada logo, alegando que a prisão é ilegal.

Colegas da estudante que também estavam no protesto contaram que Crislayne não estava com nenhuma bomba. "Ela estava apenas com um megafone, nem bolsa carregava. Quando o clima com a Polícia começou a ficar tenso, resolvemos deixar o protesto e nos reunimos na frente do Hospital do Câncer. Foi ali que os policiais nos revistaram e prenderam Cris. Eles alegaram que ela estava com uma bolsa com fogos de artifício, mas essa bolsa nunca apareceu", contou Camila Áurea, de 26 anos. Segundo Camila,  a prisão foi realizada às 18h e Crislayne chegou à Delegacia de Santo Amaro às 19h, mas só foi ouvida às 4h da manhã. "Depois do depoimento, a Polícia disse que ela teria que pagar R$ 5 mil de fiança até as 7h da manhã para ser liberada. Não tínhamos como arrumar esse dinheiro em apenas três horas", contou. Camila Áurea está na frente da Colônia Penal Feminina com a mãe e amigos de Crislayne.

Outra comissão de estudantes e representantes de movimentos sindicais foi ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pedir agilidade no julgamento do habeas corpus e outro grupo está percorrendo os meios de comunicação locais para denunciar a situação da jovem. "Estamos denunciando a atitude truculenta da Polícia, que prendeu uma jovem de forma violenta e sem provas. Queremos uma posição do Governo sobe esse incidente", disse Alexandre Ferreira, de 29 anos, coordenador da União da Juventude Rebelião. Ele revelou que Crislayne foi agredida pelos policiais antes de ser presa. Ela teria sido jogada no chão e agarrada pelo pescoço, até que desmaiou. O grupo também está organizando um ato ecumênico no prédio da Fafire para a tarde desta quinta-feira.

Crislayne é bolsista do Programa Universidade para Todos (ProUni) do curso de Ciências Biológicas da Fafire. Ela é presidente do Diretório Central dos Estudantes da faculdade e costuma liderar os colegas durante as manifestações que têm tomado as ruas do Recife na última semana.  A jovem e mais dois estudantes foram detidos na noite de quarta-feira, no fim da maninestação pelo passe-livre que reuniu quase mil pessoas. Os jovens passaram a madrugada na Delegacia de Santo Amaro, onde prestaram depoimento e foram notificados. Os outros dois estudantes foram liberados na madrugada desta quinta.

Lara de Oliveira Buitron, de 22 anos, saiu às 3h depois que o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anísio Brasileiro, pediu sua liberação. Ela cursa cinema na instituição e foi acusada de questionar a atitude dos policiais e de fazer parte do grupo que quebrou o vidro de uma agência do Santander. Já Igor Alves Calado, 28, foi liberado por volta das 5h, depois de pagar fiança de R$ 5 mil. Os policiais disseram que ele foi preso porque atirou uma bandeira contra uma moto da Rocam, mas colegas dele disseram que a bandeira teria apenas enganchado na moro. Quando Igor tentou tirá-la, o veículo caiu e os policiais acusaram-no de ter quebrado o veículo.

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