A angústia dos familiares e amigos das 16 vítimas do voo 4896 da Noar Linhas Aéreas está perto do fim. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília, anunciou ontem que concluiu o relatório final apontando as causas do acidente que comoveu o Recife. O documento será apresentado aos parentes em cerimônia fechada na manhã do próximo dia 19. À tarde, os investigadores do Cenipa concederão entrevista para apresentar os dados do relatório. Enquanto isso, o inquérito da Polícia Federal (PF) continua sem prazo para ser finalizado. A queda da aeronave, ocorrida num terreno baldio em Boa Viagem, na Zona Sul, completa dois anos neste sábado (13).
A investigação do Cenipa não tem poder punitivo. O objetivo é emitir recomendações visando à segurança de voo. O relatório parcial, divulgado em 18 de julho do ano passado, enumerava quatro fatores para a queda da aeronave: rompimento na base da haleta metálica de número 27 da turbina esquerda do LET-410 (que ocasionou a perda de potência do motor esquerdo), falta de treinamento de emergência dos pilotos, divergência entre documentos de orientação de voo e falhas na fiscalização realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). De acordo com o Cenipa, a Noar já iniciou suas atividades, em 2010, com infraestrutura inadequada, sem o devido auxílio da fabricante do avião, a checa Let Aircraft. Exemplo da precarização era que o disco do compressor da aeronave acidentada foi montado com palhetas de outro equipamento, da empresa russa Kapo Aviakompania – das 55 hastes, 51 foram reutilizadas, e menos de um dia após a montagem do disco a haleta se rompeu.
A demora na conclusão da apuração é sintomática. O Cenipa elaborou, desde 2007, 433 relatórios finais relativos a acidentes. Os números, contudo, caem a cada ano: foram 69 divulgados em 2010, 28 em 2011, um em 2012 e nenhum este ano.
A investigação tocada pela PF caminha a passos mais lentos. Diligências foram realizadas à República Checa, mas os investigadores pernambucanos tiveram problemas com o idioma. A equipe de investigação também viajou aos Estados Unidos, sempre com a cooperação da Interpol. O delegado Antônio de Pádua, chefe da apuração, acredita que o inquérito será concluído até o final do ano. “O inquérito é composto de diversas diligências, perícias e laudos. As coisas necessitam de tempo para serem elaboradas. Tivemos dificuldades na República Checa em relação à língua, mas estamos caminhando. Está mais perto do fim do que do começo”, afirma Pádua.
A PF aguarda autorização da Justiça Federal para empreender diligências dentro do Brasil. Pádua não deu maiores detalhes sobre o conteúdo das buscas, argumentando que o caso corre em segredo de Justiça. A investigação do Cenipa vai ajudar a polícia.