Não é preciso muito tempo para notar o cenário de descaso do mercado público de Paratibe, em Paulista, no Grande Recife. Insegurança, boxes sem padronização, comerciantes irregulares, banheiros em situação precária, mau cheiro e iluminação insuficiente são os problemas mais apontados pelos comerciantes.
Após anos de abandono, os vendedores parecem ter sido ouvidos pela prefeitura do município, que pretende construir um novo espaço comercial num terreno que fica por trás do atual mercado, que tem 30 anos. No entanto, a licitação do projeto, o processo de desapropriação da área e o cadastramento dos comerciantes ainda nem começaram.
O projeto inclui também a revitalização do atual mercado, que será transformado em feira livre, e da Praça da Liberdade (localizada em frente, na Avenida Lindolfo Collor), bem como a construção de um estacionamento e o recapeamento das vias do entorno. Enquanto a obra não sai do papel, os comerciantes enumeram problemas.
Marineves Sales, 56 anos, vende hortaliças e se diz prejudicada pela concorrência dos ambulantes que ficam ao redor da Praça da Liberdade. “Lá, eles estão mais perto da rua. Por isso que as pessoas evitam descer até aqui. Aí fica assim, vazio”, lamenta.
José Costa, 60, trabalha há 10 anos no local e há poucos meses atua informalmente na calçada da praça. Ele conta que já trabalhou dentro do mercado, mas saiu por medo da violência. “Já fui assaltado lá dentro. E recentemente vi um homem carregando um revólver no banheiro”. Sobre a irregularidade, ele admite estar ciente, mas considera que a prefeitura deveria oferecer um espaço melhor. “Isso é uma favela”, diz.
Outra vítima da insegurança no local é Jorge Pereira, 59 anos, dono de uma farmácia dentro do mercado. “Já entraram aqui durante a madrugada e levaram o cofre com R$ 6 mil reais”, conta, acrescentando que à noite o mercado fica escuro e atrai pessoas para consumir drogas.
Os frequentadores também reprovam o atual mercado. “O banheiro é péssimo, já tentei usar uma vez e desisti. Fede demais, basta chegar no corredor para sentir”, diz o mecânico Tiago Gonçalves, 26. Já a falta de padronização dos boxes incomoda a dona de casa Sandra Melo, 34 anos. “É tudo muito bagunçado. Deveria ter uma área para cada coisa”, diz.
OBRA - O terreno onde será erguido o novo mercado e o estacionamento foi comprado por R$ 1.009.126,80, mas ainda há uma casa no local.
Segundo o secretário municipal da Administração das Regionais, José Rodrigues, as obras ainda não iniciaram por questões burocráticas. “Temos de elaborar uma planta de desmembramento do terreno, pois a família de herdeiros do terreno possui cinco hectares do lote e compramos um. Feito isso, será emitida a missão de posse da área e será possível cadastrar os comerciantes e desapropriar a área para dar início à execução”, explicou.