Cerca de 2.700 vagas de Zona Azul estão disponíveis para atender quem vai ao comércio do Centro do Recife de carro. Porém, o estacionamento que deveria ser rotativo, com tempo máximo variando entre 2h e 5h de permanência (dependendo do local), recebe veículos de quem trabalha nos bairros São José, Santo Antônio, Bairro do Recife e Boa Vista, ocupando a vaga acima do tempo permitido. Burlar a norma é uma constante nos dias úteis. E é assim também com os comerciantes informais, que chegam a utilizar até cinco cartões da autorização por dia, para permanecer em uma vaga durante todo o horário comercial.
Alvo de críticas constantes, este tipo de comércio pode ser visto em maior quantidade, por exemplo, na Rua das Calçadas, bairro de São José. É lá que fica estacionado, diariamente, um carro que vende lanches, onde trabalha Gleide de Andrade, 50 anos. Ela chega às 7h e só sai às 18h, utilizando cinco cartões da autorização. “As pessoas jogam para nós a culpa do trânsito complicado do Recife. Mas o problema não é a gente, até porque se eu não colocamos o carro aqui, algum dono de loja da área vai colocar e ocupar a vaga durante todo o dia do mesmo jeito”, disse Gleide. “O problema é que Recife tem muito carro e pouco espaço. Mas a culpa é sempre nossa.”
Todos os carros que comercializam na Zona Sul, possuem o cartão. Os produtos variam: lanches, sandálias, utensílios domésticos, brinquedos, plantas, entre outros. Quem depende do trabalho garante que há fiscalização. “Sempre passa carro da CTTU e dois guardas a pé”, continuou Gleide. “Não são 20 vagas ocupadas por quem está trabalhando que vão fazer diferença.”
Assim como o carro onde Gleide trabalha, existem outros 80 que funcionam como ponto comercial no Centro, de acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Informal de Pernambuco, Elias França. “Estamos em processo de negociação com a prefeitura, para realocar esse pessoal para um shopping popular. O local ainda está sendo escolhido para não prejudicar ninguém”, contou. Os comerciantes estão abertos a soluções. “Estamos certos, porque pagamos a cartõe, pagamos os impostos dos produtos. Mas quando olhamos para o próximo, estamos errados, porque ocupamos a vaga de alguém que precisa estacionar para fazer compras e, muitas vezes, tem que carregar peso. Mas só queremos sobreviver. Coloquem a gente em outro lugar, com movimento, que nós vamos”, contou Ivan Domingos de Lima, 61 anos. Ele vende ursinhos de pelúcia.
Confira matéria na íntegra no Jornal do Commercio deste sábado (11), no caderno de Cidades.