A Praça de Casa Forte, na Zona Norte do Recife, passa por nova reforma para devolver à cidade os jardins projetados 79 anos atrás pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). Dessa vez, a prefeitura vai fazer a readequação das plantas dos três lagos, com orientação do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Algumas espécies serão retiradas e substituídas pela vegetação indicada nos desenhos originais.
É a segunda intervenção realizada na área de lazer nos últimos três anos. A obra começou mês passado, pelo jardim mais próximo da igreja. De acordo com o biólogo Joelmir Silva, pesquisador do Laboratório da Paisagem, é preciso tirar quatro árvores que cresceram no lago e estão quebrando o reservatório. “São pés de goiaba, manga, resedá e palmeira, com mais de 2,5 metros de altura”, informa.
No local, deverão permanecer apenas ninfeia (planta aquática), ocupando o centro do lago, e aninga, nas quatro extremidades, organizadas em jardineiras internas dentro d’água. “Hoje, há um volume grande de aninga e taboa no meio do lago. Quem senta num lado da praça não enxerga o outro”, comenta a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro, coordenadora do laboratório.
O espelho d’água do jardim do meio, cheio de aninga, deveria ter só vitória-régia. De acordo com Ana Rita, o lago do jardim próximo da Avenida Dezessete de Agosto foi projetado com vitória-régia, ninfeia e aninga. Hoje, há ninfeia, baronesa, aninga e taboa, sem ordenamento. Pela proposta da UFPE, a baronesa é retirada. A aninga e a taboa saem do centro e ficam nas quatro extremidades do lago.
Primeiro projeto de jardim público do famoso paisagista, a Praça de Casa Forte é dividida em três partes, com vegetação diferente. O jardim da Dezessete de Agosto recebeu plantas nativas e o do meio, ecossistema amazônico. No jardim perto da igreja, Burle Marx botou vegetação exótica. Com a ausência de um jardineiro para cuidar da praça, outras espécies nasceram ou foram introduzidas.
O jardim da igreja mantém as árvores exóticas, como resedá, felício, palmeira-sabal, flamboaiã, mangueira e tamarindo. “Também identificamos sibipiruna, que é nativa, mas não será tirada, no momento”, diz Joelmir. Segundo ele, o jardim do meio é o mais problemático. “O calor intenso no local não é apropriado para as espécies. E, sem a umidade necessária, as plantas estão prejudicadas”, avisa.
Quando foi projetado, o jardim era arborizado com pés de pau-mulato e, em volta deles, palmeiras (açaí), para reter a umidade e recriar o microclima amazônico, quente e úmido, explica o biólogo. No lugar de açaí, há flamboaiãs.
Em 2011, a prefeitura e a UFPE tiraram 12 árvores exóticas (doentes) do jardim da Dezessete de Agosto e substituíram por 14 plantas nativas, como pau-brasil, sibipiruna, craibeira e macaibeira. “Não vamos mexer nas árvores, agora. Só na vegetação dos espelhos-d’água”, afirma Ana Rita. A adequação das plantas dos lagos foi sugerida pelo Laboratório da Paisagem.
O gerente geral de Obras Públicas da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Ricardo Fausto, disse que a obra será executada com recursos próprios e está avaliada em R$ 374 mil. Prevê impermeabilização dos três lagos para corrigir vazamentos, resgate das plantas indicadas por Burle Marx, recuperação das calçadas de pedra portuguesa e revisão da rede elétrica. O prazo de execução é de 90 dias.