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A vida de Dom Helder Camara nas mãos das crianças

História e obra do arcebispo emérito de Olinda e Recife serão tema de oficinas gratuitas para crianças e adolescentes. Exposição reunirá trabalhos da garotada

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 06/07/2014 às 5:53
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O circo sempre o fascinou. O palhaço estava entre os personagens de que mais gostava. Em sua casa, ao lado da Igreja das Fronteiras, na Boa Vista, Centro do Recife, mantinha uma coleção de cervos, de variados tamanhos e origens. Em algum canto, havia brinquedos como bichos de pelúcia. Costumava conversar com os meninos que apareciam na frente da paróquia e, vez por outra, pagava uma rodada de picolés para eles. É esse dom Helder Camara humano, carinhoso, alegre e caridoso que será mostrado para crianças e adolescentes no projeto Férias na Casa Museu Dom Helder Camara. Por meio de oficinas de artes, a garotada vai conhecer a história do arcebispo emérito de Olinda e Recife, falecido 15 anos atrás, em agosto de 1999.

“O mundo inteiro conhece dom Helder, ao contrário da maioria dos recifenses das novas gerações que nada ou pouco sabe sobre ele. A ideia é apresentar o santo rebelde para crianças e adolescentes através de oficinas de gravura, colagem, desenho e pintura. Haverá também uma oficina especial de fotografia para garotos surdos”, explica a produtora executiva do projeto, Mariana Longman. As atividades são gratuitas e acontecerão de 15 a 31 de julho. Há 170 vagas. Qualquer menino ou menina pode participar, mas será dada preferência a alunos de escolas municipais das comunidades de Joana Bezerra, Coque e Coelhos, por serem próximas do Instituto Dom Helder Camara (Idhec), que funciona vizinho à Igreja das Fronteiras.

Somente a oficina de fotolibrinhas acontecerá com a mesma turma (20 alunos) durante três dias. As outras duas – gravura e colagem e desenho e pintura – terão duração de um dia para cada turma (20 alunos por dia). Antes das atividades, os participantes vão conhecer o Memorial Dom Helder Camara, formado pela Igreja das Fronteiras, pelo Centro de Documentação Helder Camara (Cedhoc) e pela Casa Museu Dom Helder, que sedia uma exposição permanente com documentos, livros, objetos pessoais e presentes recebidos pelo arcebispo. 

Caberá à historiadora do memorial, Lucy Pina, inserir a garotada no universo helderiano. “É a primeira vez que vou lidar com o público infantil. Minha expectativa é grande, acho que será bem interessante”, diz Lucy, lembrando que, em seus textos, o sacerdote costumava enfatizar uma passagem bíblica sobre a necessidade de as pessoas se fazerem crianças para entrar no reino de Deus. 

A história em quadrinhos Um menino chamado Helder, escrita por Mário Souto Maior, e o livreto de cordel Dom Helder no céu, de Marieta Borges, serão usados nas oficinas. “O Dom irradiava ternura e isso atraía as crianças. Ele era de uma delicadeza enorme. Suas ideias continuam atuais. É importante que as crianças o conheçam”, destaca uma das conselheiras do Idhec, Lúcia Moreira. 

OFICINAS - Os arte-educadores Rosinha Galvão e Chico Domingues serão os responsáveis pela oficina de gravura e colagem, voltada para crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos. Também pela oficina de desenho e pintura, específica para garotos entre 7 e 9 anos de idade. “Vamos usar lápis de cor e de cera, tinta guache e gravuras. Faremos reflexões sobre o amor ao próximo, a solidariedade, ideias que dom Helder defendia”, explica Rosinha, uma das que, quando menina, ganharam picolé do religioso. “Eu morava perto da Igreja das Fronteiras. Lembro dele dando picolé e conversando com a gente”, afirma Rosinha. A oficina de fotolibrinha (participantes de 8 a 12 anos) será ministrada por jovens surdos do projeto Fotolibras e coordenada pela arte-educadora e fotógrafa cearense Vládia Lima, conterrânea de dom Helder. No dia 31 de julho acontecerá uma exposição com todos os trabalhos produzidos pelas crianças a adolescentes.

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