Com a implantação do BRT na Região Metropolitana do Recife (RMR), mais de R$ 60 milhões estão sendo destinados à construção de 45 estações que receberão cerca de 300 mil passageiros por dia quando o sistema estiver em plena atividade, segundo a Secretaria das Cidades do Estado. Os pontos de ônibus usados por quem não pega BRT, entretanto, aparentemente foram esquecidos pelo poder público. Muitas paradas estão há muito tempo sem receber ações de manutenção, não têm cobertura, não possuem placas informativas de linhas, estão localizadas no meio de calçadas esburacadas e em algumas resta apenas uma barra de ferro sem letreiro algum. Detalhe: aproximadamente dois milhões de pessoas passam por estes pontos diariamente.
“A maioria das paradas está em situação precária. Essa aqui, por exemplo, é coberta, mas é tão mal projetada que o sol bate diretamente na gente. É absurdo. Se estivesse chovendo estaríamos todos molhados”, comentou a aposentada Nilcéa Fernandes de Almeida, 68, na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda.
No mesmo ponto, o técnico em refrigeração Fernando Manso, 60, criticou a falta de investimento nas estruturas. “As paradas deveriam ser mais protegidas e possibilitar uma visão melhor dos coletivos. Nós pagamos impostos altos e não temos retorno nenhum”, afirmou. Além dos problemas relatados, enquanto conversavam com a reportagem os usuários tentavam se proteger da água de esgoto que corria na via e era jogada na parada pelos carros.
Conforme o Grande Recife Consórcio de Transportes, um projeto de manutenção e sinalização das 5.300 paradas de ônibus da RMR está em andamento. “Os equipamentos começaram a receber as ações no Centro Expandido, mas outras localidades também já foram contempladas, como as Avenidas Abdias de Carvalho e João de Barros”, informou a assessoria de imprensa do órgão, que ressaltou ser o vandalismo o principal responsável pela situação precária de alguns pontos.
Na Rua 1º de Março, em frente à Praça da Independência, no Centro do Recife, as queixas se multiplicam. “Nós não temos espaço, o ponto fica escondido e a calçada é toda esburacada. Idosos e cadeirantes sofrem quando precisam esperar ônibus aqui”, queixou-se a autônoma Sandra do Nascimento, 47.
Já para o funcionário público Marcelo Fernando da Silva, 44, o problema é a falta de informação. “Se você for procurar qual ônibus para nesse ponto vai perceber que não há esta informação na parada”, disse.