Arqueologia

Cemitério histórico abandonado no Bairro do Recife

Terreno na comunidade do Pilar, onde arqueólogos encontraram esqueletos humanos associados aos séculos 16 e 17, está tomado por lixo e esgoto

Da editoria de Cidades
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Publicado em 04/09/2014 às 8:08
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Um dos achados arqueológicos mais importantes do Bairro do Recife, o cemitério do período colonial resgatado na comunidade do Pilar, virou depósito de lixo e esgoto doméstico. Pelo menos quatro canos de plástico e uma manilha despejam água usada de casas da Rua de São Jorge no terreno onde pesquisadores identificaram, em 2013, 68 esqueletos humanos associados aos séculos 16 e 17.

A área escavada também acumula água de chuva e está cercada de lixo: sofá, cadeira, isopor, guarda-chuva, capacete de motociclista, CD, PET, pneu, tábua, vidro e calçados. Parte das ossadas do cemitério histórico, localizado na área central do Recife, foi transferida para laboratórios, mas 40 esqueletos continuam no local, sob camadas de terra cobertas por lona plástica.

De acordo com Ana Catarina Torres Ramos, professora da Universidade Federal de Pernambuco e coordenadora das pesquisas arqueológicas realizadas no lugar, pela Fundação Seridó, as escavações estão suspensas desde abril de 2014. “Nosso contrato expirou e a prefeitura não renovou. A UFPE e a fundação não podem ser responsabilizadas pelo que está acontecendo”, afirma a arqueóloga.

Dos 68 esqueletos, 28 foram tirados do local e levados para laboratórios de pesquisa na UFPE e na Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), em São Raimundo Nonato (PI). Entidade científica sem fins lucrativos, a Fumdham é dirigida pela arqueóloga brasileira mais respeitada no exterior, Niède Guidon. “Os esqueletos servem como material para dissertações de mestrado”, declara.

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Arqueólogos da Fundação Seridó e da UFPE localizam cemitério histórico no Bairro do Recife, em 2013 - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Cemitério histórico do Bairro do Recife na comunidade do Pilar. Foram encontradas 68 ossadas humanas - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Cemitério colonial ficava em terreno entre o Rio Beberibe e o mar. Ossadas seriam do século 16 ou 17 - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Esqueleto humano do século 16 ou 17 resgatado por arqueólogos no Pilar, Bairro do Recife, em 2013 - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Numa área de 780 metros quadrados do Bairro do Recife, arqueólogos descobriram 68 esqueletos humanos - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Numa área de 780 metros quadrados do Bairro do Recife, arqueólogos descobriram 68 esqueletos humanos - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Esqueleto humano completo, do século 16 ou 17, encontrado no Pilar, Bairro do Recife, em 2013 - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Esqueleto humano completo, do século 16 ou 17, encontrado no Pilar, Bairro do Recife, em 2013 - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Terreno do cemitério secular do Bairro do Recife está abandonado, cheio de lixo, esgoto e mato - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Vigas de novas construções na área do cemitério histórico do Bairro do Recife. Obra está paralisada - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Esgoto de casas da Rua de São Jorge jogado no terreno do cemitério histórico do Bairro do Recife - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Esgoto de moradia existente na área do antigo cemitério do Bairro do Recife lançado sobre os achados - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Cemitério do Recife colonial, na comunidade do Pilar, ocupa área onde será construído habitacional - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Trechos escavados do velho cemitério do Bairro do Recife acumulam água de chuva, esgoto e lixo - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Vigas dos novos habitacionais destruindo alicerces de casas do séculos 17 e 18 do Bairro do Recife - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Vigas dos novos habitacionais destruindo alicerces de casas do séculos 17 e 18 do Bairro do Recife - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Edificações iniciadas e paralisadas no terreno do cemitério histórico do Pilar, no Bairro do Recife - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Edificações iniciadas e paralisadas no terreno do cemitério histórico do Pilar, no Bairro do Recife - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

 

No mesmo terreno, às margens da Rua de São Jorge, os arqueólogos descobriram alicerces de casas construídas no fim do século 17 e início do século 18, evidenciando, pela primeira vez, a evolução urbana daquele trecho do bairro. Vários deles foram destruídos por vigas de sustentação de novos prédios residenciais que a prefeitura pretende erguer na comunidade, pelo projeto de urbanização do Pilar.

Diretor de Engenharia da Empresa de Urbanização do Recife (URB), Vicente Perrusi, informa que a construção dos habitacionais no terreno onde os arqueólogos descobriram o cemitério deve começar em novembro de 2014, com prazo de um ano para execução.

O projeto completo prevê 588 unidades residenciais na comunidade. A obra começou em janeiro de 2010, com prazo de três anos para conclusão e custo de R$ 39,3 milhões, recursos da Caixa, PAC e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Contempla abertura de ruas, drenagem, abastecimento de água, saneamento e pavimentação de vias. A prefeitura espera concluir tudo em 2016.

Leia mais sobre o assunto na edição do JC desta quinta-feira (4)

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