A Orquestra Criança Cidadã (OCC) Meninos do Coque alcança um feito inédito no próximo dia 31: será o primeiro projeto sociomusical brasileiro a se apresentar para um papa no Vaticano. O convite veio depois que o juiz João Targino, idealizador da orquestra, teve uma conversa com o presidente da Catholic Fraternity (Associação Privada de Direito Pontifício), Gilberto Barbosa, durante viagem ao Vaticano, em abril, para acompanhar a canonização de João Paulo II e João XXIII.
“É o maior momento vivido pela orquestra e mostra como uma pequena oportunidade pode ser valiosa para crianças e jovens desfavorecidos socialmente. Não tenho dúvida de que farão um lindo concerto”, diz Targino, que embarca no dia 27 para a Itália com 44 alunos e outros cinco profissionais da OCC. O concerto privado para o papa Francisco será feito paralelamente à 16ª Conferência Internacional da Associação Privada de Direito Pontifício, de 30 deste mês a 2 de novembro.
Ao longo do evento, os pernambucanos realizam inserções musicais e, no dia 31, apresentam ao pontífice um repertório montado de acordo com o gosto musical dele. “A comitiva do Vaticano nos informou que o papa é fã de Bach e, por isso, quatro das músicas do concerto são do compositor alemão”, informa o maestro Nilson Galvão Júnior, que comanda a turma que vai para a Itália.
Há mais de um mês, segundo ele, os ensaios seguem em ritmo intenso. Na sede da OCC, por dia, os alunos treinam cerca de quatro horas e continuam os estudos em casa por mais três horas. “Contamos com o suporte de duas psicólogas, que ajudam as crianças e jovens a organizarem o tempo para essa tarefa”, acrescenta Nilson. As duas profissionais também orientam em relação à disciplina e ao controle da emoção decorrente do trabalho artístico.
Além de os alunos selecionarem seis músicas para o papa, o repertório que prepararam inclui outras 16 composições extras. “Durante o nosso percurso na Itália, também acompanharemos a comunidade católica Canção Nova e, nessa comitiva, vamos executar alguns arranjos”, diz o maestro. Entre as obras que serão interpretadas, estão alguns temas brasileiros, como Aquarela do Brasil, Asa Branca e Lamento Sertanejo. “Será um momento valioso para a orquestra. Basta pensar que conseguimos passar pela peneira dos 5 mil pedidos anuais de grupos musicais que desejam tocar para o papa”, vibra Nilson, com base no número informado pelo cerimonial do Vaticano.