O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu entrar com uma ação judicial contra a Prefeitura de Caruaru para interromper a utilização da Estação Ferroviária da cidade, no Agreste de Pernambuco, como polo cultural ao longo do ano. A recomendação é que o espaço só seja liberado para os festejos juninos. A explicação do órgão é que a gestão municipal tem aproveitado o local de maneira inadequada.
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“O problema é que o espaço está sendo explorado sem salvaguardar a memória ferroviária brasileira”, diz o superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida. Ele informa que a liberação para uso da área pela prefeitura tinha caráter temporário, mas a cidade cenográfica se consolidou na estação através de uma estrutura definitiva de um casario que prejudica a preservação do local.
“Os equipamentos têm base de concreto e alvenaria. Isso lesa o patrimônio cultural ferroviário. Há alguns anos, estamos em contato com a prefeitura para que esse projeto possa ser revisto sem depreciar o espaço”, alega Frederico. O rigor aplicado ao patrimônio ferroviário de Caruaru não é o mesmo imposto às estações de trem (muitas em estado de abandono) apresentadas em série pelo JC.
Na próxima sexta-feira (21), representantes do Iphan e da Prefeitura de Caruaru se encontram em reunião para tentar entrar em acordo em relação ao uso da área. “Lamentamos a determinação do Iphan, pois a estação estava completamente ociosa até 2012, quando decidimos fazer dela um local de manutenção e disseminação da cultura popular”, diz o diretor de Cultura da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru, Djair Vasconcelos.
Ele ressalta que a gestão municipal decidiu explorar a estação ferroviária como polo cultural depois de constatar que o local estava servindo de ponto para prostituição, violência, tráfico e consumo de drogas em larga escala. “Atualmente, esse cenário não existe mais, pois a estação virou um reduto familiar. Há posto da Polícia Militar com guarda permanente”, reforça Djair.