Constrangimentos, incômodo, bullying e piadas de mau gosto são alguns dos transtornos sociais causados para quem sofre com as chamadas “orelhas de abano”. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, de 2% a 5% da população mundial tem a orelha mais aberta. Com o objetivo de diminuir esses problemas, um mutirão de consultas e cirurgias para corrigir as orelhas de abano chega a Pernambuco nesta sexta-feira (21). A iniciativa, promovida pelo Projeto Orelhinha, vai oferecer o procedimento com 70% de desconto para a população. A ação acontecerá no auditório do Hotel Dorisol, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife.
O Projeto Orelhinha foi criado há quatro anos pelo Instituto Orelhinha, com a proposta de combater o bullying sofrido pelas pessoas que apresentam a alteração estética. “A maioria das pessoas que nos procuram sofrem com baixa auto estima, são mais introvertidas por conta do problema. A cirurgia promove uma grande mudança de vida para essas pessoas. O nosso objetivo é resgatar a auto estima delas”, explica o cirurgião plástico Marcelo Assis, coordenador nacional da iniciativa.
A orelha de abano é um problema congênito de formação, em que o ângulo de abertura entre as conchas auditivas e crânio é maior que o normal. E, embora não cause nenhum tipo de prejuízo à audição, incomoda muito a quem possui. “Causava muitos constrangimentos. Na hora de tirar fotografias era terrível. Na época da escola, eram muitos apelidos. Eu me sentia muito incomodado”, conta o estudante Yuri Galvão, 21 anos, que fez a cirurgia de correção aos 11 anos.
Por conta da grande procura por este tipo de procedimento, muitos acabam não conseguindo fazer a cirurgia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e precisam pagar caro pelo serviço. Em clínicas particulares, o valor da cirurgia corretiva gira em torno de R$ 6 mil e R$ 8 mil. Os pacientes atendidos pelo Projeto Orelhinha pagam apenas o custo referente ao material e estrutura hospitalar utilizados durante o procedimento. “Nós viabilizamos a cirurgia a um custo social para poder atingir a grande maioria da população. A demanda é muito grande e muitas pessoas não conseguem operar pelo SUS. Os convênios barram por considerar estética”, comenta Marcelo Assis.
Mais de 3,5 mil pessoas já foram beneficiadas com as cirurgias corretivas oferecidas pela iniciativa. O projeto está presente em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Sul. Por semana, é realizada uma média de 50 cirurgias.
A expectativa é de que cerca de 300 pessoas sejam atendidas nesta primeira etapa do projeto no Estado. Para participar, os interessados devem se inscrever através do site www.projetoorelhinha.com.br ou pela central de atendimento nos telefones 4062-0607 e 0800 718 7804. Nestes números também é possível conseguir informações sobre o pagamento. O paciente já sai da consulta com a cirurgia marcada.
Em Pernambuco, o Projeto Orelhinha conta com o apoio do Hospital Infantil Maria Lucinda, onde serão realizadas as cirurgias.