parque dois irmãos

Zoo sob risco de interdição

Ministério Público cobra serviços de manutenção, readequação das jaulas e fim de maus-tratos aos animais

Claudia Parente
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Claudia Parente
Publicado em 03/12/2014 às 7:13
Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem
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O Ministério Público de Pernambuco estuda a possibilidade de pedir a interdição do zoológico do Parque Dois Irmãos. Depois de finalizar inquérito que durou um ano, com a colaboração de biólogos e veterinários de várias entidades, o órgão conclui que o antigo horto não pode continuar como está, abrigando animais em recintos inadequados e sem manutenção. Domingo passado, as duas últimas araras azuis do zoo foram encontradas mortas.

“A situação é a pior possível. Há muitas evidências de maus-tratos aos animais”, declarou o promotor de Meio Ambiente, Ricardo Coelho. “Estamos avaliando se vamos ingressar com ação, pedindo a interdição temporária, ou pedir que o Estado assine termo de ajustamento de conduta, se comprometendo a apressar a reforma.” 

Em reunião com o secretário Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Carlos André Cavalcanti, na semana passada, o promotor foi informado que a gestão do parque pode passar às mãos de uma organização social, que receberia a verba da bilheteria e aplicaria no espaço. “O secretário alegou que, com uma OS à frente, a captação de recursos seria menos burocrática”, revelou Ricardo Coelho.

Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem
Zoo de Dois Irmãos corre risco de interdição - Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem
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Zoo de Dois Irmãos corre risco de interdição - Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem
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Zoo de Dois Irmãos corre risco de interdição - Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem
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Zoo de Dois Irmãos corre risco de interdição - Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem
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Zoo de Dois Irmãos corre risco de interdição - Foto: Rodrigo Carvalho/JC Imagem

 

Uma visita ao zoológico basta para entender a preocupação do Ministério Público com os 550 animais abrigados ali. Em quase todos os setores, as grades estão enferrujadas. Há telhas mal colocadas sobre o viveiro das aves e as araras canindés aproveitam a barra de metal que cedeu do teto para usar como poleiro. Cobras de grande porte, como as pítons, estão confinadas em espaço pequenos e úmidos. Os vidros são tão sujos que mal dá para apreciá-las. Como não há fiscalização constante, crianças sobem na mureta de proteção e batem nos vidros, tentando chamar a atenção dos répteis.

Muitos animais de hábitos gregários estão confinados sozinhos, caso das fêmeas do babuíno verde e do macaco grivê. “Esses animais são acostumados a viver em grandes grupos, não podem ficar isolados”, explica o biólogo Igor Morais, que acompanhou o inquérito do Ministério Público. Também está sozinho o antílope waterbuck, que se desloca em manadas na África. “Como o nome sugere, ele vive em alagados, porém no zoo não tinha nem um tanque para ele quando estiver lá”, lamenta Igor.

A situação mais deprimente talvez seja a dos dois ursos pardos. Animal de olfato e audição sensíveis, precisa de muito estímulo no cativeiro. Mas o espaço é reduzido e quase não há caixa de areia. Os dois mamíferos estão apresentando um comportamento advindo do estresse, denominado pacing. “É um vai-e-vem para lugar nenhum”, explica o biólogo, acrescentando que os ursos de Dois Irmãos passam cerca de 80% do tempo assim. “O ideal seria que não ultrapassasse 20%.”

Um detalhe que chama a atenção no zoo é que praticamente todas as placas estão com o nome do órgão responsável apagado com tinta ou descascado. Também falta fiscalização. Sinal de obra, só de um banheiro em fase inicial.

“Tivemos acesso a uma lista com todos os animais do parque até 2011. Constatamos que muitos não estão mais lá”, revela Igor Morais. “Na ficha de óbito entregue para o inquérito do Ministério Público consta que alguns animais foram mortos por outro. Isso é muito grave”, declara.

Leia mais na edição do JC desta quarta (3)

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