Comerciantes e empresários do Recife Antigo mostram-se preocupados não só com a falta de segurança, mas com a ocupação do lugar como um todo. “Qualquer urbanista sabe que um bairro só funciona com gente morando nele e aqui praticamente não há morador”, observa Fernando Neves, proprietário da Arte Plural Galeria, na Rua da Moeda.
Ele chama a atenção para esvaziamento do bairro à noite, de segunda a sexta-feira, o comércio informal desordenado e os sem-teto dormindo nas calçadas. “São questões que precisam ser resolvidas com ações de governo”, destaca. “Falta definir uma política de ocupação. O que se quer para cá? Cultura, eventos, festas populares, moradia, classe média? É preciso ter uma linha de atuação.”
Instalada há dez anos no bairro, a Arte Plural deixou de abrir aos domingos. “O clima não é propício a uma galeria”, diz ele. “Quinze dias atrás, apesar do policiamento, teve chuva de garrafa na Rua da Moeda, quebraram quatro cadeiras do meu restaurante (Just Koni)”, diz Luiz Vidal. “Fechei a porta três vezes, o público do domingo é horrível.”
Para o presidente da Associação de Bares e Restaurantes da Rua da Moeda, Pepe Valença, eventos de qualidade trazem para o bairro um público diferenciado. “A segurança é afetada pelo tipo de atração que se oferece. Nós, da Rua da Moeda, gostaríamos de receber blocos líricos e festival de jazz e blues”, indica.
Segundo ele, por orientação da PM, os estabelecimentos da Moeda encerram as atividades às 22h, aos domingos. “Temos prejuízo financeiro. Mas em termos de segurança, é o melhor para todos”, pondera Pepe.
Proprietário do Teatro Mamulengo, na Praça do Arsenal, Carlos Moura disse que os tumultos ocorridos domingo (11) não chegaram à sua porta. “Não havia policiamento na praça, mas a casa funcionou sem problema, das 16h à 0h”, informa.