HABITAÇÃO

Moradores de ocupação na Avenida Recife prometem resistir à decisão judicial

As 452 famílias terão que deixar o imóvel, pertencente à União, até 25 de março

Do JC Online
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Publicado em 25/02/2015 às 8:00
Foto: Alexandre Gondim /  JC Imagem
As 452 famílias terão que deixar o imóvel, pertencente à União, até 25 de março - FOTO: Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem
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As famílias que ocupam um terreno pertencente à União, na Avenida Recife, vizinho ao muro do aeroporto internacional da capital pernambucana, prometem resistir à determinação da Justiça Federal para que deixem o local em 30 dias. Eles têm prazo até 25 de março para sair do imóvel. Os moradores estão programando uma passeata no dia 11 de março, até a sede do judiciário federal em Pernambuco, que fica na mesma avenida da ocupação, no bairro do Jiquiá.

“Fomos pegos de surpresa com a decisão da Justiça. Deram um prazo de 15 dias para nos defender. Há uma advogada conosco. Vamos apresentar nossa defesa, no mesmo dia que faremos a caminhada. Todas as 452 famílias que estão no terreno não têm como pagar aluguel, são pessoas simples”, afirma Inaldo Monteiro, líder da ocupação, batizada de Cacique Xicão. Hoje à noite haverá uma assembleia para definir outras ações.

O imóvel era da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e, por sucessão legal, pertence hoje à União, que ingressou judicialmente com o pedido de reintegração de posse. Em abril do ano passado, a Secretaria do Patrimônio da União realizou uma vistoria no local e constatou a ocupação irregular, ressaltando que a área fica próxima da cabeceira da pista do aeroporto. Por conta disso, a Infraero também participou da ação judicial.

Segundo Inaldo, a ocupação começou quase dois anos atrás, em março de 2013. “Pretendemos resistir enquanto não houver uma proposta concreta da prefeitura ou do governo do Estado. As famílias não têm para onde ir. Podem até nos tirar à força. Sairemos, mas depois voltaremos”, ressalta Inaldo, que faz parte de um movimento independente de luta por moradia.

O segurança Geraldo Damião de Oliveira, 47 anos, vive no local, com a esposa, há um ano e dois meses. “Ganho um salário mínimo por mês. Pagava R$ 380 de aluguel em Prazeres (Jaboatão). Ainda gastava com contas de energia e água. Gostaria que arrumassem uma solução para a gente porque não queremos sair sem ter um lugar certo para ficarmos”, diz Geraldo.

A Prefeitura do Recife informou que a Secretaria Municipal de Habitação, por solicitação da Secretaria do Patrimônio da União, se colocou à disposição para fazer um cadastramento das famílias do terreno. Mas lideranças da ocupação teriam impedido o trabalho de ser realizado, conforme a gestão municipal.

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