Moradia popular

Comunidade Escorregou tá Dentro espera por habitacional há seis anos

O convênio para liberação dos recursos foi assinado pela Caixa Econômica Federal em 2009

Da Editoria Cidades
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Publicado em 04/03/2015 às 8:08
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Há cerca de 20 anos moradores da comunidade Escorregou tá Dentro, no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife, escutam promessas de reassentamento. Chegaram até a comemorar quando a Caixa Econômica Federal assinou convênio garantindo recursos para a construção de um conjunto habitacional, em 11 de dezembro de 2009. Até agora, no entanto, as famílias vivem às margens do Canal do ABC, na mesma situação precária.

O residencial anunciado seis anos atrás, com dinheiro do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), ainda não ficou pronto. Dos seis blocos, cinco estão de pé, apenas com as paredes rebocadas. Localizado na Avenida Maurício de Nassau, no Cordeiro, também na Zona Oeste, o habitacional terá 96 apartamentos de 41 metros quadrados cada.

“Estou doidinha para sair desse sofrimento, mas visitei a obra semana passada e pelo jeito a mudança não acontece este ano (2015)”, declara Maria José da Silva, 64 anos, moradora de Escorregou tá Dentro há 23 anos. “Não tem um apartamento com pia, torneira, vaso sanitário, piso e todas as portas. Tudo o que eu peço a Deus é para não morrer antes da inauguração”, diz ela.

Maria José está preocupada com o ritmo lento da obra. “Só Jesus ali para acelerar o serviço. Pelo tempo, já deveriam ter terminado”, destaca. O mesmo comentário é feito por Adalcira Xavier de Santana, 55 anos, moradora antiga da comunidade. “Quando cheguei aqui, meu filho mais velho era criança. Ele já tem 31 anos, é casado e eu continuo esperando o habitacional”, comenta.

De acordo com Adalcira, os imóveis seriam entregues em junho de 2014. “Remarcaram para 2015, vou enfrentar outro inverno na beira do canal”, afirma. “Estou pedindo a Deus para ir embora, a gente mora assim por necessidade, com o mau cheiro do canal na nossa porta. Passa bicho morto nessa água e entram ratos dentro de casa.”

As 96 unidades do residencial são insuficientes para o reassentamento de todos os moradores da comunidade, diz o coordenador estadual do Movimento de Luta e Resistência pelo Teto (MLRT), Jean Carlos Costa dos Lírios, que acompanha o andamento da obra. Outras 180 famílias de Escorregou tá Dentro serão transferidas para uma área em Nova Descoberta, na Zona Norte da capital.

Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Comunidade Escorregou tá Dentro se espalha ao longo do Canal do ABC - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Famílias vivem em situação precária na iminência de cair no curso-d?água, repleto de lixo e esgoto - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A obra do conjunto que vai abrigar parte das famílias de comunidade em Afogados está atrasada - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A obra do conjunto que vai abrigar parte das famílias de comunidade em Afogados está atrasada - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A obra do conjunto que vai abrigar parte das famílias de comunidade em Afogados está atrasada - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A obra do conjunto que vai abrigar parte das famílias de comunidade em Afogados está atrasada - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A obra do conjunto que vai abrigar parte das famílias de comunidade em Afogados está atrasada - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Famílias vivem em situação precária na iminência de cair no curso-d?água, repleto de lixo e esgoto - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Comunidade Escorregou tá Dentro se espalha ao longo do Canal do ABC - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Famílias vivem em situação precária na iminência de cair no curso-d?água, repleto de lixo e esgoto - Foto: Diego Nigro/JC Imagem

“O terreno de Nova Descoberta já foi desapropriado e quem vai construir as moradias é a Associação de Apoio às Famílias sem Teto de Pernambuco (AAST), escolhida em chamada pública”, informa Jean Carlos. Sobre o residencial do Cordeiro, ele disse que a nova previsão de entrega é setembro próximo. “Falta o saneamento, o trabalho está fluindo a passos lentos.”

REVISÃO - Na Avenida Maurício de Nassau, a placa de identificação da obra informa que o habitacional custa R$ 6.958.103,57 e o prazo de execução é de 180 dias. Só não diz quando o serviço começou. Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Secretaria de Habitação de Pernambuco, responsável pelo empreendimento, informa que o projeto inicial sofreu ajustes na estrutura e nas fundações.

“A revisão do projeto obedeceu ao trâmite de aprovação da Caixa Econômica Federal e demais órgãos competentes”, diz o texto da nota. Os apartamentos contam com sala, cozinha, dois quartos, banheiro e área de serviço. Cada bloco tem quatro pavimentos (térreo mais três andares).

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