Falta pouco para, enfim, começar a construção de um conjunto habitacional onde hoje existe a Comunidade Lemos Torres, às margens do Canal de Parnamirim, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. Pelo menos é o que promete o secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos do Recife, Victor Vieira. Segundo ele, a construtora contratada depende apenas da saída de quatro famílias para iniciar o trabalho. A expectativa é de que os imóveis sejam desocupados ainda este mês.
“A empresa já se instalou no terreno. Foram feitos levantamento topográfico e locação das estacas. A fundação dos prédios só pode começar quando as quatro casas estiverem sem ninguém”, assegura Victor Vieira. Em junho do ano passado, uma placa colocada em frente ao terreno deu aos moradores esperanças de que o serviço começaria naquele mês. Eles esperam pela obra desde 2008, quando o residencial foi eleito como prioridade do Orçamento Participativo, no último ano da segunda gestão do prefeito João Paulo (PT).
Segundo a Empresa de Urbanização do Recife (URB), as quatro famílias ainda não deixaram o local porque não receberam o valor da desapropriação. Quando resolverem pendências com documentos o pagamento será feito.
Estão cadastradas 400 famílias na Lemos Torres. A URB informa que 119 delas estão recebendo auxílio-moradia, no valor de R$ 201 mensais. A previsão é de que outras 98 passem a receber este mês. O benefício deverá ser pago até os moradores receberem os apartamentos.
O conjunto habitacional faz parte do Programa Minha Casa, Minha Vida e terá 192 apartamentos divididos em seis blocos, cada um com 32 unidades. Cada residência terá dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. O investimento é de R$ 13,2 milhões, sendo R$ 1 milhão do município e o restante da União.
As 208 famílias não contempladas na comunidade ganharão apartamentos no habitacional do Casarão do Barbalho, na Iputinga, Zona Oeste. A remoção da comunidade Lemos Torres permitirá a execução de duas importantes obras no Recife: a conclusão da requalificação do Canal de Parnamirim e a construção de vias marginais que deverão melhorar o trânsito em Casa Forte, Parnamirim, Santana e Casa Amarela.
QUEIXA - Os moradores reclamam do valor do auxílio-moradia. “A gente não consegue alugar nada. É muito baixo, não achamos casa aqui pelas redondezas com esse preço. Trabalho perto, minha filha vai para creche também aqui perto. Não quero ir para longe”, ressalta o motobói José Renato Lins, 25 anos, dos quais 20 morando na Lemos Torres.
“Querem expulsar a gente e enrolam com esse auxílio-moradia. Não tenho esperança de ver esse residencial construído”, diz o comerciante José Ribeiro Silva, 77, morador do local desde a década de 70.