Mais de três anos depois do início das obras do Corredor Norte-Sul e há menos de um mês da sua conclusão, a Avenida Cruz Cabugá, um dos principais eixos de ligação da Zona Norte com o Centro do Recife, está em situação de penúria. Pistas com asfalto desnivelado, calçadas esburacadas, praças abandonadas, esgoto estourado, pedestres e motoristas sem mobilidade compõem o cenário da avenida, por onde circulam cerca de 13 mil veículos por dia, sendo 468 ônibus.
Na altura da Estação Tacaruna, a primeira da via, a pracinha que perdeu parte de sua área para o corredor permanece cercada por tapumes. Até chegar na próxima estação, a Santa Casa da Misericórdia, vê-se gelos-baianos soltos na divisa das pistas e esgoto a céu aberto nas calçadas e no asfalto – inclusive em frente à empresa de saneamento do Estado (Compesa) e à Vice-Governadoria do Estado.
Na Praça 11 de Junho, o painel criado pelo artista plástico Francisco Brennand em homenagem à Batalha Naval do Riachuelo – conflito militar considerado decisivo no resultado da Guerra do Paraguai, parece tão descartado no lixo quanto o pedaço de banco que o cerca, em meio ao mato crescido.
Próximo à estação seguinte, na altura da Rua Arthur Coutinho, os pedestres repetem com mais intensidade uma cena vista em toda a via: a travessia entre os carros. “Quando tenho tempo caminho até a faixa. Mas na hora de chegar ao trabalho não dá, a gente faz o trajeto mais curto, o semáforo demora muito para fechar”, confessa a operadora de telemarketing Maksueinne Lino, 26 anos.
Ali, um prédio abandonado que ameaça ruir assusta os transeuntes, obrigando-s a caminhar pela pista. “A prefeitura devia demolir logo isso. Se a construção cair em cima de alguém, num instante resolvem”, critica a estudante Estella Souza, 20. Mais na frente, parte de um grande terreno adquirido pelo Estado para alargar a via e construir duas pistas acumula mato e lixo e funciona como estacionamento improvisado. Pouco depois, vê-se mato até mesmo pendurado na fiação elétrica.
A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa, por meio de nota, que realizará a recuperação do sistema de drenagem e do pavimento da avenida até o final do ano, com investimento de R$ 2,5 milhões. Diz, ainda, que enviará equipe à Praça 11 de Junho, nesta semana, para avaliar a situação e programar o serviço de capinação e que vistoriará as calçadas nos trechos de responsabilidade do município
A Secretaria-Executiva de Controle Urbano (Secon) afirma que notificou o proprietário do imóvel citado para a demolição ou recuperação da marquise e que a obra já foi iniciada, sendo necessário o isolamento total da área para resguardar os pedestres. Já a pracinha em frente ao Tacaruna está em obra e será devolvida à comunidade em breve, segundo a prefeitura. A Companhia de Trânsito e Transporte (CTTU) diz que 14 semáforos estão posicionados nos locais de maior fluxo, tendo o maior tempo de apenas 94 segundos.
O Corredor Norte-Sul liga o município de Igarassu ao Centro do Recife. De suas 26 estações (inicialmente seriam 33), 11 estão em funcionamento, com duas linhas transportando cerca de 20 mil passageiros ao dia, conforme o Grande Recife Consórcio de Transportes. A previsão é de 180 mil passageiros.