O paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) assina 58 projetos de jardins públicos e particulares no Estado de Pernambuco. Desse total, 39 encontram-se na cidade do Recife. E seis deles, todos públicos, podem ser considerados patrimônio nacional nesta quinta-feira (11). São as Praças de Casa Forte, Euclides da Cunha, Faria Neves, do Derby, Ministro Salgado Filho e da República incluindo o jardim do Palácio do Campo das Princesas.
A decisão está nas mãos do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que vai definir se aprova ou não o pedido de tombamento dos jardins, proposto pelo Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A reunião começa às 10h, e se estende até as 19h, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília.
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Filho de uma pernambucana com um alemão, Burle Marx nasceu em São Paulo e trabalhou no Recife de 1934 a 1937, como diretor de Parques e Jardins do governo de Pernambuco. Quando chegou, atendendo convite do governador Carlos de Lima Cavalcanti, tinha 25 anos de idade. Nos anos 50, a convite do então prefeito do Recife, Pelópidas Silveira (1915-2008), planejou as Praças Faria Neves (Dois Irmãos) e Salgado Filho, na frente do aeroporto, no bairro do Ibura.
A Praça de Casa Forte, de 1935, é o primeiro projeto de jardim público de Burle Marx. O paisagista desenhou a área de lazer com três jardins, usando espécies da flora brasileira e da região da amazônia, além de plantas exóticas. Na Madalena, defronte ao Clube Internacional, ele criou a Praça Euclides da Cunha, trazendo para a cidade a vegetação da caatinga.
Ana Rita Sá Carneiro, coordenadora do Laboratório da Paisagem da UFPE, vinculado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo, informa que Burle Marx não criou a Praça do Derby, mas recuperou o espaço verde na área central da cidade. “Ele propôs mudanças no desenho e incluiu vegetação, como as palmeiras”, declara.
Localizada no bairro de Santo Antônio, entre Teatro de Santa Isabel, o Palácio do Governo e o Palácio da Justiça, a Praça da República também foi recuperada pelo paisagista, em sua passagem pelo Recife nos anos 30. “Ele colocou a fonte e alargou os caminhos internos, criando uma harmonia com as edificações do entorno”, diz Ana Rita. Além disso, reformou o jardim do Campo das Princesas.
Cultivador de plantas e estudioso da botânica, Roberto Burle Marx foi também pintor, tapeceiro, escultor, ceramista e designer. Morreu no Rio de Janeiro, onde passou a maior parte da vida, e é conhecido como um dos mais importantes arquitetos paisagistas do século 20.
O Laboratório da paisagem fez o pedido em 2008. Se for aprovado, os jardins serão inscritos no livro de tombo, após homologação do ministro, diz o superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida.
