Parte integrante do Corredor Leste-Oeste, o Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, tem causado dor de cabeça aos condutores, especialmente nos dias de chuvas, quando fica alagado devido ao grande volume de água acumulada. Ontem amanheceu inundado mais uma vez. O problema se repetiu, segundo a Secretaria das Cidades, por causa de uma sobrecarga no sistema elétrico do túnel, que provocou o desligamento das bombas de drenagem. Na tentativa de resolver a situação, a Gerência de Mobilidade da pasta informa que está sendo implantada uma estrutura paralela para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico das bombas.
A ideia é ter uma alternativa no caso de falhas no sistema principal. A secretaria ainda acrescenta que, durante os testes para a implantação da estrutura paralela, houve uma sobrecarga que foi responsável por provocar o desligamento das bombas de drenagem, que já voltaram a funcionar normalmente.
Inaugurado há pouco mais de três meses com o objetivo de otimizar o trânsito num dos principais pontos de retenção do corredor Caxangá/Benfica, o equipamento exige um olhar mais apurado dos órgãos públicos. “É preciso que seja feito um laudo técnico da estrutura do túnel, que tem água minando pelas paredes até em dias sem chuva. Essa infiltração preocupa porque, a médio e longo prazos, pode afetar a armação de aço do interior do concreto armado e ser um sinal de que a estrutura precisa de cuidados para não desabar”, acredita o arquiteto Alexandre Bahia Vanderlei, 42 anos.
Ele conta que, apesar de o túnel estar no caminho que faz para o trabalho, prefere fazer um trajeto mais longo. “Não me sinto seguro. Por isso, tento sempre fazer percursos alternativos, incluindo a Avenida Beira-Rio e a Rua José Osório. A infiltração me preocupa mais do que a inundação momentânea causada por uma possível falha nas bombas de drenagem”, acrescenta Alexandre.
Ontem pela manhã, para evitar acidentes causados pela água, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) bloqueou a passagem de veículos pelo equipamento, que só foi liberado por volta das 8h25.
Essa não foi a primeira vez que o Túnel da Abolição, cuja obra custou R$ 16 milhões, alagou. Após as chuvas da madrugada do dia 28 de maio, a via amanheceu completamente cheia d’água. Na ocasião, o governo do Estado informou que o problema ocorreu porque vândalos quebraram a chave-geral do quadro elétrico, que comanda o sistema de drenagem e ficava exposto logo abaixo da escada do túnel.
No dia seguinte à inundação, foi colocada uma grade de ferro para protegê-lo. No dia 12 deste mês, uma pane elétrica impediu as bombas de drenagem de funcionarem normalmente e houve mais um alagamento.
Os problemas do túnel já nasceram enquanto estava sendo construído. A entrega foi adiada várias vezes porque um lençol freático localizado no subsolo dificultou as obras. Mesmo após um ano e quatro meses de atraso, o equipamento foi inaugurado no improviso, no dia 12 de abril, com água minando das paredes.