O cabeleireiro Carlos Lira, 36 anos, a dona de casa Maria Helena Barbosa, 47, e a secretária Adélia Portela, 41, venceram o câncer. Trataram a doença que é hoje a segunda maior causa de morte no mundo. E que na próxima década será a maior responsável por óbitos no planeta. Receberam tratamento no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife. Agora serão garotos-propaganda da campanha para arrecadar dinheiro, construir o Instituto de Oncologia e ampliar o atendimento a pessoas como eles.
“Cinquenta por cento dos casos de câncer aumentarão nos próximos 10 anos. Temos que nos preparar para atender essa multidão que necessitará de tratamento humanizado e personalizado”, destaca a coordenadora do serviço de oncologia de adultos da unidade, a médica Jurema Telles. “Com o Instituto de Oncologia o Imip oferecerá serviço integral que vai da prevenção até o cuidado paliativo, além de ser um grande centro de formação de recursos humanos e de pesquisa”, reforça.
O câncer mata 8 milhões de pessoas anualmente no mundo. Em Pernambuco são diagnosticados 20 mil novos casos todos os anos. Atualmente, o Imip atende cerca de 6 mil pacientes por ano, o que representa um terço da demanda do Estado. Com a inauguração do Instituto de Oncologia, que receberá o nome do ex-governador Eduardo Campos, falecido em agosto do ano passado, o hospital ampliará a capacidade para 9 mil pacientes anuais.
O lançamento da campanha para doações foi feito ontem pela manhã e contou com a presença do governador Paulo Câmara e do prefeito Geraldo Julio. Também estavam Renata Campos, viúva de Eduardo, e João Campos, filho do casal. Segundo o presidente do Imip, Gilliatt Falbo, serão necessários aproximadamente R$ 99 milhões para construir e equipar o Instituto de Oncologia.
“Temos 10% desse valor, fruto de repasse do Ministério da Saúde e do que arrecadamos com shows e exposições. Para chegar ao total do orçamento, vamos precisar da generosidade de pessoas e empresas do bem para que façam doações em dinheiro”, diz Gilliatt Falbo. Ele informa que a construção do térreo e primeiro andar do novo hospital começará ainda este ano. A unidade, com 12 andares, será erguida em um terreno que fica em frente ao Imip, reservado hoje para estacionamento.
“O câncer me ensinou a não ter medo e a valorizar a vida. A dar valor a coisas simples como um amanhecer ou o encontro com um parente. Não tenho mais medo de investir nos meus sonhos”, afirma Carlos, que teve câncer no pulmão e na coluna. Fez tratamento entre fevereiro de 2012 e março de 2014. “É possível, sim, vencer essa doença”, garante Helena, curada de um câncer de útero no ano passado. “A fé, o apoio da família, o tratamento correto e no tempo certo são os ingredientes para a cura”, observa Adélia, vítima de câncer de mama.